Clarindo Silva*
Não sei como será a cultura sem Délio Pinheiro. É preciso ter fé e ser forte independente de ser nordestino.
Durante esta tal de pandemia, que ouso chamar de terceira guerra mundial, onde por certo não terá nenhuma nação vencida nem vencedora, haja vista a maneira devastadora da tal da covid-19, dói no fundo do coração quando vemos mais de cento e vinte mil brasileiros perderem a vida. Imagine você abrir o jornal ou assistir um telejornal ou ouvir no rádio a notícia da morte de duas celebridades, praticamente no mesmo dia.
Ainda mais se tratando de duas personalidades cientistas. Dr. Elsimar Coutinho, dentro da sua simplicidade, há mais de trinta anos me honrou com uma palestra no nosso estabelecimento, no dia em que se homenageia as empregadas domésticas, falando numa linguagem clara de planejamento familiar. Imagine que Dr. Elsimar, na plenitude dos quase noventa anos, na ativa, se cuidando, não diferentemente de Dr. Agnaldo Davi de Souza, cardiologista da minha família, dos nossos corações. A doçura como ele tratava seus pacientes me leva a relatar um dos grandes gestos dele, quando estava internado no hospital desta cidade e o plantonista sugeriu um cat. Eu me recusei a fazer, sinceramente tive medo… Minha filha mais velha entrou em contato com ele, estava de viagem marcada, mas antes de ir para o aeroporto, eis que chega no hospital e me convence a fazer o cat.
Segunda-feira, trinta e um de agosto, mais um humanista, um dos expoentes máximos da cultura universal nos deixa. Délio Pinheiro, assessor para assunto de cultura, ao lado de Paulo Bina, chefe da assessoria da Assembleia Legislativa, foram capazes de dar visibilidade a mais de cem livros, inclusive minha modesta pessoa biografada pelo jornalista Wander Prata, com o prefácio do jornalista José Barreto e contra capa de Fernando Coelho.
Que a coleção “Gente da Bahia” seja permanente, pois através deste projeto pode-se dar visibilidade a figuras populares, como Riachão, Batatinha, A mulher de roxo, Juliano Moreira, Juarez Paraíso, Caribé, Mestre Pastinha, dr. Nilton Santos.
Muita luz, Délio Pinheiro! Nossas condolências às famílias e amigos destes que se foram, mas continuam eternamente vivos por tudo que fizeram no planeta terra.
*Clarindo Silva. é escritor, poeta, empreendedor e jornalista