O ex-ministro da Defesa Celso Amorim defendeu, em entrevista concedida à TV 247 nesta quinta-feira (22), que, caso seja comprovado que Braga Netto condicionou o processo eleitoral com a implantação do sistema de voto impresso, o atual titular da pasta da Defesa deve ser imediatamente convocado pela Câmara para esclarecer suas intenções golpistas.

“Se for verdade, isso é seríssimo. É uma quebra total de prerrogativas institucionais. Ainda mais sendo um ministro oriundo das Forças Armadas”, defendeu Amorim.

Ele ainda disse que a tentativa de Netto em interferir no pleito eleitoral de 2022 “já é uma tentativa de golpe”.

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Jair Bolsonaro não está isolado em seu projeto de implantar uma ditadura no Brasil. Ele conta com o apoio do general Braga Netto, seu ministro da Defesa e homem de confiança. É o que revelam as jornalistas Andreza Matais e Vera Rosa, em reportagem publicada no Estado de S. Paulo. “No último dia 8, uma quinta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), recebeu um duro recado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, por meio de um importante interlocutor político. O general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022, se não houvesse voto impresso e auditável. Ao dar o aviso, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica”, apontam.

A portas fechadas, Lira disse a um seleto grupo que via aquele momento com muita preocupação porque a situação era “gravíssima”. “Lira considerou o recado dado por Braga Netto como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro. Teve uma longa conversa com ele, no Palácio da Alvorada. O presidente da Câmara disse ao chefe do Executivo que não contasse com ele para qualquer ato de ruptura institucional. Líder do Centrão, bloco que dá sustentação ao governo no Congresso, Lira assegurou que iria com Bolsonaro até o fim, com ou sem crise política, mesmo se fosse para perder a eleição, mas não admitiria golpe”, informam as repórteres.

Fonte: Brasil 247