Do Correio
Se a casa de número 71 da antiga Rua dos Capitães pudesse falar, teria muitas perguntas a fazer. Começaria estranhando o silêncio. Cadê todo mundo? Já faz tempo que a família Barbosa não vive mais aqui, mas onde estão os estudantes de Direito e os visitantes que costumavam descer a rua estreita do Centro Histórico para aulas, palestras, ou para ver de perto os óculos e outros objetos pessoais do antigo e ilustre morador? Que clarão é esse que vem do teto, além da chuva que molha toda vez que o tempo fecha? E o que diabo significa BDM, riscado e depois apagado nas paredes de fora?

Faz 171 anos que o casarão de paredes brancas e portas e janelas verdes testemunhou o nascimento de Ruy Barbosa, o primogênito de Maria Adélia e João José Barbosa de Oliveira. Se chovia ou fazia sol naquela segunda-feira, 5 de novembro de 1849, dificilmente saberemos. Os jornais diários da época encontrados falavam de economia, preços de algodão, açúcar e tabaco.

Tantos números, contudo, não dariam conta de descrever a alegria que tomou conta do lugar com o nascimento da criança. Testemunhas, mesmo, só as paredes da casa, o próprio casal e o conselheiro Albino José de Oliveira, que recebeu do primo João José uma carta com a notícia do nascimento de Ruy, escrita 14 dias depois, em 19 de novembro: “Meu primo estimado. Tem você mais um Primo, porque, como lh’o participo, minha mulher, sua prima, em 5 deste mez, deu à luz, felizmente, a um menino”, dizia o bilhete.

Em 19 de novembro de 1849, o pai de Ruy Barbosa, João José Barbosa de Oliveira, comunicou o nascimento em uma carta ao primo Albino José de Oliveira; revista Bahia Ilustrada publicou a carta em 1919 (Imagem: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional)

 

Fonte: Noticia Capital