Por Haroldo Lima

Os versos de Cecília Meireles no poema Fala Aos Pusilânimes recordam a atuação de Sérgio Moro. Quando juiz, ao invés de identificar os corruptos do país e aplicar as leis sobre os indivíduos, o magistrado levava as empresas à recuperação judicial e retirava o emprego de milhares de pessoas.

Agora, depois de aniquilar as empresas nacionais responsáveis por grandes obras com a sua língua peçonhenta (como diria Cecília), Moro virou sócio diretor da empresa americana Alvarez e Marsal. A consultoria global de gestão de empresas atua na recuperação judicial das marcas que o próprio Sérgio Moro sacrificou.

Não é possível determinar a totalidade do estrago que Sérgio Moro fez para que o Brasil chegue ao pântano em que se encontra hoje. Porém, é fato que ele enganou parte da população e da mídia brasileira ao se colocar como um combatente da corrupção enquanto tramava com os promotores uma maneira de privar Lula da disputa eleitoral em 2018. Ainda é necessário jogar luz nos bastidores da Operação Lava Jato, que levou o juiz ao ministério da Justiça e Jair Bolsonaro à presidência.

Fala aos Pusilânimes – Cecília Meireles (trecho)

“(…)
Escrevestes cartas anônimas,
apontastes vossos amigos,
irmãos, compadres, pais e filhos…
Queimastes papéis, enterrastes
o ouro sonegado, fugistes
para longe, com falsos nomes,
e a vossa glória, nesta vida,
foi só morrerdes escondidos,
podres de pavor e remorsos!

Vistes caídos os que matastes,
em vis masmorras, forcas, degredos,
indicados por vosso punho,
por vossa língua peçonhenta,
por vossa letra delatora…

(…)
Ó vós, que não sabeis do Inferno,
olhai, vinde vê-lo, o seu nome
é só – pusilanimidade. “

Por Haroldo Lima