Mais de 3 mil migrantes da América Central entraram na Guatemala nesta quinta-feira (01/10) em direção aos Estados Unidos, segundo autoridades guatemaltecas. O grupo aproveitou a reaberturas das fronteiras do país fechadas há meses para conter a pandemia de covid-19.

Autoridades planejam registrar os migrantes durante a travessia e oferecer a assistência aos que quisessem voltar aos seus países de origem, além de exigir um teste negativo de coronavírus para permitir a entrada na Guatemala. O grupo, porém, atravessou a fronteira em Corinto ilegalmente e funcionários de migração, em menor número, não tentaram detê-lo.

Os migrantes começaram a se reunir próximo à fronteira por volta das 6h30 (horário local). A caravana em direção aos Estados Unidos é maior desde que a pandemia chegou à América Central em março, levando países a fechar as fronteiras. A crise gerada pelo coronavírus desencadeou o aumento do desemprego e da pobreza na região.

O incidente ocorre a apenas um mês da eleição presidencial nos Estados Unidos. O combate à imigração ilegal é uma das principais bandeiras de campanha do presidente Donald Trump. Caravanas anteriores incorreram na ira de Trump, cujo partido Republicano vem usando uma retórica dura contra os migrantes para atrair eleitores nos últimos pleitos.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram uma multidão, formada na maioria por homens e mulheres jovens, carregando mochilas e crianças pequenas, forçando passagem entre as forças de segurança da Guatemala no posto fronteiriço hondurenho de Corinto. Muitos migrantes usavam máscaras.

Migrantes com máscaras caminham em rua de San Pedro Sula, em Honduras
Grupo começou caminhada rumo à fronteira ainda de madrugada

Sem sucesso, autoridades guatemaltecas tentaram cobrar dos migrantes um teste de covid-19 para liberar a entrada. A Guatemala pediu que Honduras faça algo para interromper o fluxo migratório em seu território e exigiu que episódios como o desta quinta-feira não voltem a se repetir.

Os migrantes fogem do desemprego e da violência de seus países de origem. A pandemia também agravou ainda mais a situação econômica dos países da América Latina. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 34 milhões de empregos foram perdidos na região devido à atual crise.

“Queremos passar em paz, não queremos conflitos, mas estamos determinados a chegar nos EUA. Em Honduras não há nada, não é trabalho e é impossível viver aqui”, disse um jovem na fronteira.

As chances de uma grande caravana chegar à fronteira com os EUA, que já eram baixas, diminuíram ainda mais no ano passado. Sob pressão americana, o México deslocou a Guarda Nacional e mais agentes de migração para dispersar os grupos ainda no sul do país. Além disso, devido à pandemia, é atualmente impossível cruzar a fronteira legalmente com os Estados Unidos.

O fluxo de migrantes para o norte havia diminuído drasticamente durante a pandemia devido ao fechamento das fronteiras. A maioria dos abrigos ao longo da rota fecharam suas portas para os recém-chegados enquanto tentavam evitar a propagação do coronavírus. O México e os Estados Unidos deportaram centenas de milhares de migrantes numa tentativa de esvaziar centros de detenção.

 

Fonte: Deutsche Welle