Em entrevista ao Valor, Ciro Gomes fala de sua pretensão de “produzir uma alternativa progressista”, visando construir uma aliança com o centro, antagônica ao Partido dos Trabalhadores.

Sem conseguir se firmar como uma liderança decisiva para os próximos embates eleitorais, seja o deste ano, seja o de 2022, Ciro continua fazendo do antipetismo a sua característica principal. Ele acusa o Partido de Lula de exercer “hegemonismo profundamente desmoralizado”.

Segundo as previsões de Ciro, o centro vai ganhar de forma fragmentada.

O ex-governador do Ceará considera que Jair Bolsonaro não fica na Presidência até 2022 e prevê ainda a demissão do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Comentando sobre a aliança com o PSB, Ciro Gomes diz que a intenção “é produzir uma alternativa progressista, com o anúncio explícito de que essa alternativa não pretende antecipar as eleições de 2022, mas fazer um exercício inédito na vida brasileira, na redemocratização, de construir um polo progressista capaz de dialogar com o centro político e que seja capaz de antagonizar o hegemonismo, o vazio despolitizado e hoje profundamente desmoralizado da burocracia do PT”.

Ele explica que a aliança que o PDT pretende formar é um conjunto de quatro partidos: o PDT, o PSB, o PV, e a Rede. Agrega que seu partido tem alianças também com o Psol, em Florianópolis e em Belém e apoia o DEM em São Luís e em Salvador.

Ciro considera que isto constitui uma tentativa de “construir, com todas as dificuldades naturais, uma grande aliança de centro-esquerda que vá, sim, valer para o futuro”.

A aliança com o PT foi descartada em todas as capitais. De acordo com Ciro, não por intransigência dele ou do PDT”, mesmo opinando que “o bolsonarismo boçal é consequência do colapso moral e econômico da governança do PT”.

Questionado sobre a opinião do governador Flávio Dino (MA) de que a esquerda dividida deverá perder em todas as capitais, Ciro afirma: “A nossa vida não é fácil. Há um ano e pouco 70% do eleitorado votou num boçal, bandido, fascista, chefe de quadrilha como Bolsonaro. É o pior tipo de bandido que eu já conheci na política brasileira. Se a gente não entender as razões desse voto de ódio, simplesmente não vamos nos reconciliar com o povo brasileiro. Talvez esse seja o equívoco do Flávio Dino. Em São Luís, a terra dele, resolveu abrir mão de lutar e está ali em cima do muro, apoiando, ou desapoiando, três candidatos. Nós não: resolvemos ir para a luta e deixar o povo arbitrar essas diferenças. Marcio França (PSB) é competitivo em São Paulo; a Marta Rocha (PDT) é competitiva no Rio, a antípoda de toda essa politicagem imunda, que infelizmente o PT apoiou durante os últimos 15, 20 anos, com Sergio Cabral, Eduardo Cunha. A esquerda deve ganhar no Recife, em Fortaleza, tomara. É um equívoco do Flávio Dino essa indicação. Embora o grande debate não seja propriamente esse”.

 

Fonte: Brasil 247