Quatro vacinas de vírus inativado – entre elas a Coronavac – tiveram comprovada sua efetividade (eficácia no mundo real) contra casos graves de covid-19 causados pela variante delta, segundo um estudo preliminar conduzida pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da China e pela Escola de Saúde Pública da província de chinesa de Guangdong.

O estudo foi enviado para publicação na revista científica The Lancet e divulgado na página oficial de artigos científicos que ainda não passaram por revisão de outros cientistas (pré-prints).

Além da Coronavac, foram avaliadas também duas vacinas contra a covid-19 da estatal chinesa Sinopharm e uma da empresa Biokangtai.

As vacinas de vírus inativado apresentaram proteção de 69,5% a 77,7% contra pneumonia causada pela covid-19 oriunda da variante delta, e de 100% contra o desenvolvimento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e mortes.

Vacinas de vírus inativado são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Esses fragmentos de vírus são incapazes de adoecer um corpo humano, mas são suficientes para gerar uma reação do sistema imunológico e desenvolver no organismo uma memória de como se defender contra a doença.

Para o estudo de efetividade, os pesquisadores avaliaram entre maio e junho deste ano os dados de 10.813 pessoas residentes na região de Guangdong – trata-se de pessoas que testaram positivo ou de contatos próximos de pessoas infectadas pelo coronavírus. Entre os avaliados, cerca de 1.700 pacientes tinham recebido as duas doses das vacinas, pouco mais de 5 mil não tinham sido vacinados, e cerca de 4 mil haviam recebido apenas a primeira dose.

Os pesquisadores registraram 102 casos de pneumonia decorrentes da covid-19, dos quais 85 casos foram em pessoas não vacinadas, 12 em pessoas que tomaram ao menos uma das doses da vacina e apenas cinco casos em pessoas com a imunização completa. Em relação a quadros graves de covid-19, os pesquisadores registraram 19 casos – todos no grupo das pessoas não vacinadas.

No entanto, os pesquisadores destacaram que as amostras ainda são pequenas e que mais estudos precisam ser feitos para determinar a efetividade real das vacinas de vírus inativado contra a variante delta.

Outro estudo aponta efeito adverso

Um outro estudo, também publicado na revista científica The Lancet, apontou para um risco maior de paralisia de Bell após a primeira dose da Coronavac. Paralisia de Bell é uma paralisia do nervo facial que resulta na inabilidade de controlar os músculos faciais do lado afetado.

O estudo conduzido em mais de 451 mil indivíduos em Hong Kong compilou 28 casos clinicamente confirmados de paralisia de Bell após aplicação da Coronavac, em comparação com 16 casos após uso da vacina da Pfizer-BioNTech. O estudo avaliou o risco de efeitos colaterais no prazo de 42 dias após a inoculação. A farmacêutica Sinovac não comentou esse estudo.

Fonte: Deutsche Welle (DW)