A jornalista Cristina Serra, ex-Rede Globo, afirmou à TV 247 que deixou de assistir à GloboNews pela falta de pluralidade do canal que, segundo ela, é um tiro no pé da imprensa do Brasil. Cristina, que atuou durante 26 anos na emissora, passando por último pelo programa Fantástico, ainda contou que as redações de jornalismo da Globo foram limitando a autonomia de seus profissionais ao longo dos anos.

“Acho crucial a gente aumentar a pluralidade nos meios de comunicação. Nós entramos na Globo em uma época em que a gente tinha uma margem de autonomia como jornalistas bastante razoável. A gente tem que ter em mente que a imprensa, qualquer empresa de comunicação, é um negócio que tem um dono, a gente não pode ter a ilusão de que vamos chegar em uma empresa jornalística e fazer o jornalismo que a gente quer fazer. Não, a gente se adapta à empresa, mas é nossa obrigação ética forçar os limites, sempre na direção daquilo que a gente acha correto”, afirmou.

“Quando eu entrei na Globo havia uma margem de autonomia muito grande para o trabalho do repórter, dos editores e tudo mais. Essa margem veio se perdendo até a gente chegar hoje. Outro dia alguém me perguntou sobre a GloboNews, o que eu achava, e eu falei, com todo o respeito a queridíssimos amigos que trabalham lá e competentes jornalistas que trabalham lá, eu deixei de assistir a GloboNews porque a GloboNews só tem uma voz, ela não tem dissonância, ela não tem pluralidade. A gente precisa recuperar esse espaço de pluralidade, é mandatório para a imprensa brasileira. Se ela não perceber isso é um tiro no pé”, completou.

Sobre seu artigo na Folha de S.Paulo que gerou enorme repercussão recentemente, intitulado de “Lula não pode ser ‘cancelado’”, a jornalista contou que não esperava tantos comentários relacionados ao texto e afirmou que percebeu um sintoma da anormalidade brasileira com a história. Para Cristina, se o Brasil vivesse em condições normais de democracia, a presença de Lula em debate públicos seria uma constante.

“Se a gente estivesse vivendo em um país normal, sem essa distopia em que a gente está vivendo, o artigo passaria talvez em brancas nuvens. Eu falei uma coisa que eu considero óbvia: para um debate democrático, para um País que a gente ainda considera que tem instituições democráticas, você não pode silenciar um líder da oposição. Há que se reconhecer a relevância que o Lula tem no cenário político nacional”.

 

Fonte: Brasil 247