Vitor Fernandes

O acampamento ‘Quilombo Campo Grande’, no município de Campo do Meio, no sul do estado de Minas Gerais, abriga ao menos 450 famílias que produzem café e mel, além de alimentos para subsistência de forma orgânica e sem uso de maquinários. Nesta segunda-feira (26), deputados federais que integram a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, além de parlamentares estaduais de Minas estiveram na localidade – que é uma região de uma usina falida, para conhecer a produção e entender o porquê de uma liminar de ordem de despejo dada pelo juiz Walter Zwicker Esbaille Júnior. A medida pode deixar os sem-terra sem terem para onde ir, embora ainda caiba recurso dessa decisão.

Integrante da comitiva parlamentar, o baiano Valmir Assunção (PT) defendeu a permanência das famílias acampadas e disse que “o local tem produção em pleno vapor”. Usando dados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Assunção informou que o local “tem hectares de horta com milhares de árvores nativas e frutíferas, além da produção de cerca de oito toneladas de mel e safra anual de café de qualidade com 510 toneladas”. A diligência dos deputados esteve na região e cumpriu uma programação que contou ainda com a visita a escolas, as áreas de plantio, armazenamento e moradia. “É um absurdo a liminar de despejo contra essas famílias. Estamos na luta e vamos buscar manter essas pessoas no local para que continuem a produzir e a viver de suas próprias mãos”, informa.

Para Valmir, a ordem de despejo beneficia ruralista, latifundiários e a usina falida Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia). A empresa fechou as portas em 1996, mas tem dívidas trabalhistas que podem chegar a R$ 300 milhões. “São produções importantes para a região e para as famílias acampadas, podemos constatar isso durante nossa visita. Mas o caso está na justiça e é preciso muita cautela. Essa liminar foi retomada depois de seis anos. Os advogados das famílias vão recorrer da decisão que é arbitrária e fere princípios constitucionais a partir do momento que não reconhece valores de dignidade humana e, além disso, não cria meios para solucionar o entrave trabalhista e nem o entrave jurídico, já que as famílias estão lá há mais de seis anos” completa Valmir.