Esse Brazil tá é muito careta. Virou um país de fundamentalismos, atado.
Tamos carecendo é de boas doses do velho porralouquismo. Sadio, libertário, sem laços nem viseiras. A derrubar prateleiras, “estantes, estátuas, louças, livros, sim !”
“E eu digo não ao não, é proibido proibir!”
Abaixo as certezas, fodam-se as convicções, chega de dogmas. Ponhamos no fogo ardente os ídolos, chefes, mitos, gurus, títeres, poderosos… togados, engravatados e fardados. Todos!
Só a dúvida redime. Não creia, crie.
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Setentando, de boa, ainda prefiro seguir cantando:
“Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documentos, nada no bolso ou nas mãos… Eu vou!”
Nada, nada ! Mente liberta.
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E quer saber do mais?
Chega de lágrimas, ódios, pregações, queixumes.
Sem máscaras, bastam-me óculos escuros.
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Ora, a humanidade nunca deu certo. Tudo é ilusão.
Leiamos a História, que é a caminhada dos humanos neste planeta através do tempo.
Eva comeu a maçã, Adão engoliu a cobra, Caim matou Abel e todos, irmãos e pais e filhos, passaram a se trucidar a pretexto das posses, propriedades, domínios.
Miséria humana !
Os poderes oprimem. E desgraçam as humanidades.
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Não guardo haveres, só quereres… etéreos. Sentires.
Ser, tão só.
O Nada me plenifica.
Buscando purgar suas culpas, criamos deuses à nossa imagem e semelhança: avarentos, estúpidos, cruéis, vingativos … E nem acreditamos neles, óbvio.
E ignoramos, estupidamente desrespeitamos a Deusa Mãe Natureza, da qual fazemos parte. O Deus, o único é a energia vital que cria, recria e rege o Universo.
Imbecilizados, envenenamos o mundo.
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O Homem só transcende na criação, na arte, no belo.
Só alcançamos um lampejo do divino na música, na dança, na literatura, no traço/desenho/pintura, escultura, arquitetura, no teatro, cinema …
A imaginação acima do pensamento.
Ou, felizes, na absoluta entrega do Amor.
Plenitudes nos bastam.
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Fernando Schimidt, Aldir Blanc, Flávio Migliáccio… perdas, perdas …
uma geração que se vai aos poucos.
Dói, mas não deixemos que as tristezas tomem conta de nós.
Chove, é outono, virá o inverno… para que floresça a primavera.
Verão, veremos.
*zédejesusbarreto, escrevinhador e jornalista