Necessidade de investimento em pesquisas também foi destacada pelo médico, mestre e doutor em Medicina Interna pela Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, pesquisador de pós-doutorado do Departamento de Imagem Cardiovascular no Johns Hopkins Hospital em Baltimore – Estados Unidos, membro titular da Academia de Medicina da Bahia e vice-presidente do Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

A morte tem sido a consequência mais dura da Covid-19 em todo o planeta, mas outra questão também chama a atenção de médicos e cientistas: as sequelas deixadas pela doença. O assunto foi abordado pelo médico cardiologista André Almeida, em audiência pública realizada pela Comissão Especial para Avaliação dos Impactos da Pandemia da Covid-19 da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), nesta quarta-feira (31).

Com o tema “Sequelas cardiovasculares devido à infecção pela Covid-19″, o médico ressaltou que, entre as manifestações provocadas pela doença, estão a microtrombose pulmonar, arritmia, Acidente Vascular Cerebral (AVC), aumento do colesterol, injúria miocárdica e insuficiência cardíaca. E mesmo quem teve apenas sintomas leves e já fechou o ciclo do vírus pode sofrer com alguma sequela no coração.

Sinais como a fadiga e dor no peito devem ser considerados para que a pessoa procure assistência profissional. “Muita gente está saindo da Covid e não faz a avaliação posterior achando que está tudo bem, mas pode não estar. A falta de ar precisa ser investigada, a fisioterapia é importantíssima”, frisou o cardiologista, acrescentando que outra sequela pode ser uma cicatriz no coração, capaz de comprometer o bom funcionamento do órgão. O problema, informou o cardiologista, pode ser identificado com ressonância magnética, que ainda é um exame caro e infelizmente inacessível à maioria da população.

Durante a audiência, que contou também com as participações do presidente da Academia Bahiana de Medicina, Antônio Carlos Lopes, e da médica e professora emérita da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Eliane Azevêdo, também membro da Academia, foram discutidas ainda as sequelas tardias e levantada a possibilidade da ocorrência de uma síndrome pós-Covid. Sobre essas questões, Almeida disse que ainda não há estudos conclusivos e, por isso, é necessário atenção a sinais de alteração no organismo e investimentos em  pesquisas.

A importância da explanação do médico foi destacada pelos colegas e pelo presidente da comissão da Covid na Alba, deputado estadual Angelo Almeida. “A fala do doutor André abriu um horizonte de preocupação oportuno para o futuro”, observou Eliane Azevedo.

“Quando eu soube dessa audiência, eu disse que aprenderia muito e aprendi”, valorizou Antônio carlos Lopes. “Saio dessa audiência muito enriquecido e mais convencido de que precisamos nos unir na busca por vacina e cuidados essenciais, como o uso de máscara e higienização das mãos”, frisou Angelo.

Próximas audiências

Outras duas audiências da comissão da Covid já estão marcadas: no dia 28 de abril, será sobre “A sobrevivência das atividades econômicas no cenário da Covid-19”, com o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Carlos Andrade; e no dia 5 de maio, sobre o “Aumento do lixo durante a pandemia: impactos e possibilidades de uma vida sustentável”, com a consultora em sustentabilidade, Jurema Cintra, advogada e ativista de direitos humanos.

Para receber o link e participar do debate, as inscrições devem ser feitas pelo WhatsApp 71 99718-2427, enviando nome, cidade, profissão e instituição que representa.