O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou nesta terça-feira (13/04) a retirada de todas as tropas americanas no Afeganistão antes do 20º aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001. A iniciativa deve pôr fim à guerra mais longa já travada pelos EUA.

A decisão adia somente por cinco meses um acordo entre os islamistas do Talibã e o governo do ex-presidente Donald Trump para a retirada de todo o contingente militar americano do país.

Segundo assessores, Biden, que deve anunciar publicamente a decisão nesta quarta-feira, teria chegado à conclusão de que os EUA devem completar a retirada antes do dia 11 de setembro, data que marcará os 20 anos dos ataques terroristas em solo americano atribuídos ao Talibã, que resultaram na intervenção militar americana no Afeganistão.

O presidente teria avaliado a hipótese de manter uma força residual em solo afegão para fazer frente a Al Qaeda ou à uma emergente ameaça gerada pelos remanescentes do “Estado Islâmico” (EI). Outra possibilidade seria atrelar a retirada aos progressos militares ou aos avanços das negociações de paz.

Mas, segundo os assessores da Casa Branca, ele teria optado pela retirada completa, com exceção das forças que protegem as instalações americanas no país, incluindo a embaixada de Washington em Cabul.

A possibilidade de condicionar a retirada ao avanço das condições no país, que foi o modelo adotado nas últimas duas décadas, poderia prolongar ainda mais a permanência das tropas americanas em solo afegão.

Após o anúncio de Biden, os secretários de Estado, Anthony Blinken, e da Defesa, Lloyd Austin, devem debater sobre a decisão de Washington com os aliados da Otan, em Bruxelas.

Preocupação com avanços do Talibã

Um relatório de avaliação de ameaças divulgado nesta terça-feira pela inteligência americana afirma que o Talibã – que mantem a trégua com os americanos, mas não com as forcas afegãs – está confiante de que pode conseguir uma vitória militar no país.

“As forças afegãs continuam a controlar as principais cidades e outros bastiões do governo, mas se mantêm amarradas em missões de defesa e enfrentam dificuldades para recapturar território ou restabelecer presença em áreas abandonadas em 2020”, diz o documento.

Os civis afegãos temem a volta do Talibã ao poder. A preocupação é grande em relação às mulheres, que durante o regime do Talibã (1996-2001) impôs uma rígida doutrina islâmica sunita e as baniu das escolas, escritórios, atividades culturais e da maior parte da vida cotidiana.

 

Fonte: Deutsche Welle (DW)