Passados exatos 40 anos, vale a pena lembrar a Feira de Santana de 1980, através registros extraídos dos jornais Feira Hoje e Folha do Norte que desde março de 1976 passaram a circular diariamente.
Feira tinha cinco grandes hotéis – Palace, Luxor, Samburá, Caroá e Flexa. O Caroá, surgido no começo dos anos 70 desapareceria nos anos 90 e com ele o famoso “Bar Sapoti” que todo fim de tarde reunia executivos para um “dedo de prosa” antes do retorno ao lar.
Muitos restaurantes disputavam a preferência de visitantes e moradores da cidade. Desde o Restaurante Tão, na Rua Barão do Rio Branco, com cozinha natural e alimentação integral, aos famosos “Itália” e “Casa Caiada” com cozinha italiana.
Entre as opções no centro comercial, destaque para O Gibão, Veleiro, Espeto de Ouro e o Boiadeiro. Mais distantes e disputadíssimos, Safári, no Contorno; A Cancela, na Estação; Cantinho da Paz, próximo a sede dos ex Combatentes e  Brisk Beer, na Maria Quitéria.
Sobre os bares, inesquecíveis aqueles de pouco luxo, mas de muita fama. Entre eles, O Boteco, do Sargento Regis; A Catucha, de Aniceto, famoso por “esticar” as contas dos fregueses; A Coréia, do paciente Edgar, o Bar de Lambão da disputada dobradinha na Rua do ABC e a Farmácia de Cumpadinho.
Poetas, escritores, jornalistas curtiam o entardecer no bar de Aniceto, e a turma da velha guarda se escondia sob as escadas do bar de Edgar. Todos eles, no dia de sua preferência, estavam no Boteco do Regi saboreando a carne de sol, de cortes padronizados, que Regis fazia com faca que amolava no passeio.
Bares como “A Cancela” e “Casa de Sinhá e Samba” brindando os fregueses com  conjuntos de samba. Outros como “Engenho Velho” com palco e violão para quem quisesse mostrar a voz. Bares também para cochichos, como o de “Tia” no Beco da Coelba.
Dona Calu com suas infusões, Pingo Bar com seu chopp, Xamego, Karbaça, Bule Bule, Kalilândia, A Prosinha, O Batidão, são bares que também lembram a cidade no começo dos anos 80. Alguns já desapareceram, outros continuam funcionando.
Iris e Timbira, os dois principais cinemas da cidade, ambos na Avenida Senhor dos Passos, estavam sempre lotados. Na quinta-feira, 6 de março, o Timbira que não mais existe brindava os amantes da sétima arte com o filme “O Alvo de 4 Estrelas”, com Sophia Loren.
  No Íris que resistiu, mas também terminou desaparecendo, estava em cartaz o filme “Na Boca do Mundo”, de Antonio Pitanga. No elenco grandes nomes do teatro brasileiro e mais uma participação especial de Milton Gonçalves.
Nesses pontos de encontros, principalmente nos bares e restaurantes, os freqüentadores ficavam sabendo, seja através do rádio, seja através do jornal, o que estava acontecendo nos mais diversos segmentos da vida feirense;
Na educação, ao mesmo tempo em que se comemorava a inauguração do Grupo Escolar Agrário Melo, no quilometro 14 de Ipuaçu e a Escola Valdemira Alves de Brito, na Fazenda Matias, chegava a notícia de que o prefeito Colbert Martins marcou para o dia 16 a entrega da Escola Diva Portela, no Jardim Cruzeiro.
No futebol mais uma vez o Fluminense estava sem comando. O presidente Albérico Novaes renunciou e o vice Humberto Magalhães sugeriu e conseguiu que toda a diretoria fizesse o mesmo, alegando que seria melhor para o clube. Eduardo Lacerda, presidente do Conselho Deliberativo segurou o pepino.
Na administração, o prefeito estava cobrando mais eficiência da Embasa, órgão estadual, na recuperação do calçamento das ruas abertas para a rede de esgotos. Era mais uma guerrinha política, entre Colbert Martins, prefeito pelo MDB e ACM, governador pela Arena.
Na política a formação do novo PTB por conta da reforma partidária que estava em curso também chegou a esta cidade. Anunciava-se que José Falcão, Noide Cerqueira, Oscar Marques e outros oriundos do MDB  ingressariam no PTB. No fim optaram pelo PDS.
Na sociedade, o “Caju de Ouro”, tradicionalmente uma semana antes da micareta, já era o assunto dominante entre os associados do Clube de Campo Cajueiro. Naquela quinta-feira o presidente Osvaldo Torres anunciou que “Sonha do Uma Noite de Verão” seria o tema da decoração.
No calendário da cidade, a micareta marcada para ser realizada de 19 a 22 de abril, já estava na ordem do dia. O secretário de Turismo Luciano Cunha reuniu a imprensa no Mercado de Arte, e comunicou a abertura das inscrições para a escolha de rainha e princesas da folia de momo.
No campo assistencial, a comunidade da Baraúna se organizava para a festa de inauguração, no domingo, 9, da Creche Dagmar Silva, ainda hoje em funcionamento. Foi uma obra da primeira dama Beth Martins, que também criou a Associação de Promoção Humana, também ainda existente. O prefeito Colbert Martins, o deputado federal Francisco Pinto e o líder político Eduardo Motta foram algumas das presenças.