A presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, estimou nesta segunda-feira (02/11) que a vacinação contra a covid-19 no Brasil começará até o fim do primeiro trimestre de 2021.

Segundo Trindade, a instituição prevê o início da produção da vacina em janeiro ou fevereiro.  A Fiocruz vai fabricar o imunizante desenvolvido pela farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. No momento, a vacina está na terceira fase de testes, a última antes de ser submetida para aprovação.

O acordo de cooperação foi anunciado pelo governo brasileiro no fim de julho. De acordo com a presidente da Fiocruz, todo o processo de produção da vacina será acompanhado pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“A expectativa é que possamos encaminhar a vacina entre os meses de janeiro e fevereiro para começar a produção. A Agência de Vigilância Sanitária irá acompanhar todo o processo. Assim, temos a expectativa de que o processo de imunização [no Brasil] comece a ser feito no 1º trimestre de 2021”, disse.

Na semana passada, a AstraZeneca apontou que a vacina apresentou uma forte resposta imunológica entre idosos, semelhante à registrada em adultos mais jovens.

A idade é um dos principais fatores de risco da covid-19, devido ao enfraquecimento do sistema imunológico ao longo dos anos. Por isso, os idosos são um dos grupos que mais precisam de proteção contra a doença.

Em julho, resultados preliminares dos ensaios clínicos da vacina já indicavam que ela gerava anticorpos e células T no grupo de adultos saudáveis com idade entre 18 e 55 anos.

Uma vacina é vista como uma virada no jogo na batalha contra a covid-19, que já resultou na morte de mais de 1,15 milhão de pessoas em todo o mundo e gerou uma grave crise econômica global.

Os estudos clínicos da vacina de Oxford e da AstraZeneca são uns dos mais avançados atualmente. O imunizante deve ser um dos primeiros a ser aprovado no mundo.

Essa vacina usa um adenovírus que carrega um gene para uma das proteínas do coronavírus Sars-Cov-2. O adenovírus é projetado para induzir o sistema imunológico a gerar uma resposta protetora contra o vírus causador da covid-19. A tecnologia ainda não foi usada em uma vacina aprovada para uso humano, mas foi testada em vacinas experimentais contra outros vírus, como o causador do ebola.

O imunizante de Oxford foi o primeiro a receber autorização para testes no Brasil. Depois, mais três receberam a autorização, o mais recente da Janssen, unidade farmacêutica da Johnson & Johnson.

Em setembro, a Fiocruz assinou o contrato de Encomenda Tecnológica (Etec) com a AstraZeneca. A Etec garante ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) o acesso a mais de 100 milhões de doses do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para o processamento final (formulação, envase, rotulagem e embalagem) e controle de qualidade, ao mesmo tempo em que garante à Fiocruz a transferência total da tecnologia.

 

Fonte: Deutsche Welle (DW)