Enquanto o número de mortes pela Covid-19 no Brasil se aproxima de 135 mil, Jair Bolsonaro afirmou na sexta-feira (18) que o Brasil não pode “se acovardar” diante da doença. Ele também reclamou das políticas de isolamento social, dizendo que “isso é para os fracos” e que ficar em casa é uma “conversinha mole”.

A fala do ex-capitão ocorreu durante um evento em Sorriso (MT), quando ele elogiava produtores rurais por terem continuado a trabalhar em meio à crise sanitária e aos incêndios que já consumiram 3 milhões de hectares no bioma. “Vocês não pararam durante a pandemia. Vocês não entraram na conversinha mole de ’fica em casa, a economia a gente vê depois‘. Isso é para os fracos”, comentou o presidente. O chefe do Executivo ainda falou que “o vírus era uma realidade e tínhamos que enfrentá-lo”. “Nada de se acovardar perante aquilo que nós não podemos fugir dele”, afirmou.

O comentário negacionista do presidente, no entanto, foi mal recebido no Congresso.

“Impressionante como Bolsonaro desdenha de tudo que é absolutamente essencial. Ele detesta saúde, educação, indígenas, trabalhadores, meio ambiente…Só se liga em manter a sua histérica e intolerante torcida xingando, enquanto ele vai destruindo o país”, declarou o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA).

Líder do PSB, deputado federal Alessando Molon (RJ) afirmou que o número de óbitos pela doença no país ainda não aclarou as coisas para Bolsonaro. “135 mil mortes não são suficientes para conscientizar Bolsonaro da gravidade da Covid-19. Dizer que o isolamento é coisa pra fracos é agredir a memória das mais de 135 mil vítimas e suas famílias. Inaceitável esse comportamento. Ofensivo e inconsequente’.

O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) se disse indignado com a postura do chefe de Estado. “Fico indignado com o desrespeito do presidente com as 135 mil pessoas que morreram por conta do coronavírus. Fraco é quem não consegue oferecer saúde de qualidade ao povo brasileiro”, definiu.

Marcelo Freixo (PSOL-RJ) não poupou nos comentários. “Mais de 135 mil mortes por Covid e Bolsonaro falando que o isolamento social é coisa de gente fraca. Não tem o menor pingo de decência pra se solidarizar com os famílias e ainda debocha da dor de milhares de brasileiros. Bolsonaro, você é um ser desprezível!”, disse.

Companheiro de partido, Glauber Braga (PSOL-RJ) convocou brasileiros a se manifestarem contra o atual governo. “O desrespeito do fascista é avassalador. “Conversinha de ficar em casa é para os fracos”? A indignação tem que se transformar em luta. Dia 03 de outubro haverá o ato nacional contra a agenda ultraliberal, que ele e seus comparsas estão procurando turbinar.”

Já a deputada Érika Kokay (PT-DF) preferiu recordar o pedido feito pela Advocacia-Geral da União (AGU) para que o presidente responda às acusações sobre a suposta interferência na Polícia Federal, feitas pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. “Bolsonaro demonstra mais uma vez que é um ser humano repugnante e desprezível ao dizer que ficar em casa é para ‘os fracos’. ‘Fraco’ é um presidente que não governa e leva seu próprio povo para o matadouro! ‘Fraco’ é presidente que se elege fugindo de debates. Fraco e covarde”, apontou.

A nova ‘escapada’ de Bolsonaro também foi lembrada pelo líder da oposição na Câmara, deputado federal José Guimarães. “Quem fica em casa para fugir de debate é que tá de ‘conversinha mole’. Isso sim é fraqueza”.

 

Fonte: Brasil 247