O governo francês anunciou nesta terça-feira (13/04) a suspensão de todos os voos procedentes do Brasil devido ao agravamento da situação no país sul-americano e e em meio a preocupações com a disseminação da variante brasileira do coronavírus, a chamada P.1.

“Observamos que a situação está piorando, e decidimos supender até nova ordem todos os voos entre Brasil e França”, anunciou o primeiro-ministro Jean Castex, em um debate na Assembleia Nacional sobre medidas de controle da pandemia de covid-19.

Há um mês, o ministro da Saúde, Olivier Veran, afirmou que cerca de 6% dos casos de covid-19 no país eram das variantes brasileira e sul-africana do coronavírus, mais contagiosas.

Embora a França tenha registrado relativamente poucos casos da P.1, a grave situação no Brasil – que vive seu pior momento da pandemia, em parte devido à nova cepa, segundo especialistas  -, despertou alarme no país europeu.

Castex observou que os viajantes do Brasil já precisavam testar negativo para o vírus antes de sua partida e na chegada à França, e também fazer quarentena por dez dias. Mas há dias vários médicos franceses vinham pedindo que o governo interrompesse todo o tráfego aéreo com o Brasil.

A França já registrou 5,1 milhões de casos de covid-19 desde o início da pandemia, o maior número na Europa, e perdeu quase 100 mil vidas para a doença. O país enfrenta uma nova onda de infecções e hospitalizações que estão deixando hospitais em Paris e em outros lugares do país sob pressão.

O Brasil, por sua vez, é o segundo país com mais mortes pela covid-19 no mundo, com mais de 354 mil óbitos registrados, e soma mais de 13,5 milhões de infecções.

Comissão Europeia pede limitação de chegadas do Brasil

Também nesta terça-feira, a Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia (UE), aconselhou “fortemente” os Estados-membros do bloco a manterem as limitações às viagens não essenciais provenientes do Brasil ou de outras regiões afetadas por novas variantes do coronavírus Sars-CoV-2 mais perigosas, como a África do Sul, e pedindo o “rastreamento mais rigoroso” de eventuais viajantes.

“A Comissão levou estas variantes muito a sério desde o início do ano” e apoia “a ideia de ter uma abordagem europeia mais forte em relação às regiões”, de modo a limitar as viagens a apenas as essenciais a partir de áreas com novas cepas, disse o porta-voz da Comissão Europeia para os Assuntos Interiores, Adalbert Jahnz.

Além disso, os viajantes “devem ser submetidos a medidas muito mais rigorosas do que antes quando vêm destas regiões com variantes”, como quarentenas obrigatórias, acrescentou.

Desse modo, a Comissão respondeu a questionamentos da imprensa sobre o perigo que pode representar a chegada de novas variantes à União Europeia, e em particular a cepa brasileira, da qual casos já foram registrados na Europa.

Falando na coletiva de imprensa diária da Comissão, em Bruxelas, Jahnz lembrou que, em fevereiro passado, o Conselho da UE, onde estão representados os Estados-membros, adotou “uma abordagem europeia mais forte em termos de viajantes provenientes de regiões especialmente afetadas pelas variantes”, após proposta da Comissão Europeia. “Encorajamos fortemente os Estados-membros a aplicar medidas mais restritivas”, disse.

Além da P.1, detectada inicialmente em Manaus, outra possível nova variante preocupante do coronavírus foi descoberta na semana passada em Belo Horizonte por cientistas locais, que detectaram a combinação de 18 mutações distintas. Especialistas apontam que quando maior a circulação do vírus, maior a chance de mutações perigosas surgirem.

 

Fonte: Deutsche Welle (DW)