O especialista Andrew Pollard, diretor do Centro de Vacinas da Universidade de Oxford, alertou diante de parlamentares britânicos que não vai ser possível se alcançar a chamada imunidade de rebanho para o coronavírus, devido à disseminação da variante delta.

Professor da universidade britânica, Pollard desenvolveu, junto com a imunologista Sarah Gilbert, a vacina contra a covid-19 da farmacêutica AstraZeneca.

Nesta terça-feira (10/08), ele afirmou a um comitê parlamentar em Londres que os programas de vacinação não devem se basear na ideia de se alcançar essa “imunidade coletiva”.

“Sabemos claramente que, com a atual variante do coronavírus, a delta, [o vírus] continuará a infectar as pessoas que foram vacinadas, e isso significa que qualquer pessoa que ainda não foi vacinada em algum momento se encontrará com o vírus”, disse o cientista.

Ele afirmou ainda que no futuro “pode ​​surgir uma variante que até seja mais transmissível entre as populações vacinadas” e que, portanto, “isso fornece ainda mais razões para não se projetar os programas de vacinação em torno da imunidade coletiva”.

Embora as vacinas existentes sejam muito eficazes na prevenção de quadros graves e morte em decorrência da covid-19, elas não impedem que uma pessoa totalmente vacinada seja infectada pelo coronavírus.

“Mito”

O conceito de imunidade de rebanho é baseado na obtenção de imunidade por uma grande maioria da população – seja por vacinação ou infecção – o que, por sua vez, fornece proteção indireta contra uma doença infecciosa para os não vacinados e aqueles que nunca foram infectados anteriormente.

Mas se as pessoas vacinadas podem, ainda assim, ser infectadas e transmitir o vírus, isso significa que não vão poder servir de escudo às pessoas não vacinadas, que acabarão sendo infectadas. Segundo Pollard, isso torna um “mito” a ideia de imunidade de rebanho para o coronavírus.

Pollard acredita que dentro de seis meses haverá no Reino Unido uma “fase de consolidação” na luta contra o vírus e que a covid-19 passará de uma “epidemia” a um mal “endêmico”.

O sistema nacional de saúde britânico NHS publicou na semana passada um relatório em que alerta que há indícios de que “os níveis do vírus nas pessoas vacinadas que estão infectadas com a delta podem ser semelhantes aos detectados em pessoas não vacinadas”, o que afeta a facilidade de transmissão do patógeno.

Entre cerca de 1.500 pacientes hospitalizados com a variante delta no Reino Unido desde 19 de julho, 55,1% não eram vacinados, enquanto 34,9% receberam a imunização completa, segundo o relatório.

Fonte: Deutsche Welle (DW)