Jair ganha a batalha da imbecilidade e o povo sai às ruas. Viva a ignorância!

um vizinho (e eu quase o diria um amigo), pescador, motorista de ambulância e bolsonarista extremo me saiu, na última quinta-feira com uma pérola típica dos  defensores mais ardorosos do presidente brasileiro ao repercutir (ou papagaiamente repetir) uma afirmação cunhada pela equipe de comunicação do gabinete presidencial e exarada dos lábios do próprio capitão em mais um desses eventos matinais de brasilha: “depois dessa crise, vocês vão dizer que os cientistas estavam errados e o presidente estava certo o tempo todo!”

Afrase afirmativa e majestática nasceu como arma a ser usada contra os defensores do isolamento social e aqueles que criticam a paixão de Bolsonaro e uma parte do seu grupo ministerial pelo medicamento hidroxicloroquina ou, com mais intimidade, “cloroquina” como remédio eficaz contra a sars-cov-19 ou também intimamente, coronavírus.

Em meio aos impropérios dirigidos à rede globo de televisão – eleita por dez entre dez bolsonaristas como responsável pela explosão da pandemia no brasil – e ao médico Dráusio Varela que acaba de ser nomeado ‘médico da globo’ esse meu vizinho, ao repetir a frase de Bolsonaro me fez lembrar de Fernando Collor de Mello que se apossou de uma frase secular da filosofia grega ao vaticinar: “o tempo é o senhor da razão.” isto, nos estertores do seu malfadado mandato.

O messias Bolsonaro tem, em sua personalidade, algumas características que fariam a alegria de qualquer psiquiatra ou analista da natureza humana se ele se permitisse a tal estudo. o culto à personalidade de homens que tendem a pruridos ditatoriais como Donald J. Trump, presidente norte americano e seu ídolo maior depois de Edir macedo, Olavo de carvalho e Carlos Bolsonaro, seu filho (e aqui, invertem-se os papéis com o filho se tornando referência para o pai); a mudança repentina de humor e de opinião e a aversão absurda que tem a ser contrariado. “Bolsonaro odeia sombra” dizem os chegados ao seu cercadinho.

Evangélico, o presidente queria que serviços religiosos como cultos e outras práticas se tornassem parte dos serviços essenciais da nação como saúde, educação, segurança e etc. não conseguiu e esperneou horrores. é quase a mesma coisa de quando quis nomear outro dos seus filhos – aquele que passou um tempo nos istêites aperfeiçoando o ingrêis ao fritar hambúrgueres como embaixador brasileiro junto à maior potência mundial.

Contra tudo e contra todos, o presidente brasileiro se opõe ferozmente contra o isolamento social e contra o seu ministro da saúde, Luiz Mandetta (seguramente o seu hoje mais importante e sério auxiliar – pelo menos tecnicamente) e chegou a cogitar em demiti-lo: “a caneta ainda funciona!” teria dito. os dois tiveram vários ‘arranca-rabos’ em meio a reuniões ministeriais e os alcoviteiros de plantão como Onyx Lorenzoni e Osmar Terra, por exemplo, se apressarem a limpar as gavetas de Mandetta. não deu certo. a popularidade de Mandetta subiu aos céus e Bolsonaro quase desce aos infernos antes do terceiro dia.

Entre os que se aliaram, desde o início, ao presidente na cruzada contra o isolamento proposto pela organização mundial da saúde e outros organismos para combater a covid-19 estão prioritariamente pastores, “bispos” e “apóstolos” pentecostais como R.R. Soares, Valdemiro Santiago e o próprio Edir Macedo, dentre outros menos midiáticos. a razão? suas igrejas perdem uma receita brutal com o confinamento. quer razão mais lógica? o fiel Bolsonaro, de imediato, baixou um decreto liberando os cultos. perdeu para a justiça que determinou o contrário.

Como um menino malcriado, Bolsonaro desobedece sistematicamente as regras do combate ao coronavírus e, para mostrar que não está isolado, vai a padarias, farmácias de bairro, feiras-livres só faltando mesmo ir a uma festa de paredão. como ele é inimigo da rede globo, uma visita ao BBB 20 está descartada. mas sendo como é… quem sabe?

Ao pregar a quebra do isolamento e sair por aí, o presidente finalmente conseguiu uma vitória. como nas eleições em que se consagrou como aquele que derrubou o poste de Luizignatiusluladasilva, Bolsonaro mostra que a imbecilidade, a ignorância e a irresponsabilidade (inclusive para com os outros) é contagiosa e contamina rápido. apenas 48 ou 49 por cento das cidades brasileiras estão respeitando as regras.

Muitos ainda morrerão, mas a falta de senso, não. carpe diem!