Foto: Rodrigo Félix Leal / Futura Press

Enquanto Marcelo não quer retirar as delações que o livraram da prisão em Curitiba, enfrenta briga com pai, que pode ainda desmentir acusações contra Lula

Jornal GGN – O empreiteiro Marcelo Odebrecht disse que está “vivendo um inferno” e que preferia ficar mais dois anos preso em Curitiba do que a vida que tem hoje. Um dos delatores da Lava Jato, Marcelo cumpre prisão semi-aberta, podendo sair para trabalhar de dia e volta à noite. “Para o empreiteiro, Sergio Moro tem traços de ditador e a Lava-Jato acabou favorecendo a eleição de Jair Bolsonaro”, diz a revista Veja.

A razão pelo “inferno” que diz estar vivendo são as enxurradas de ações na Justiça, dívidas e bens congelados, além de ter sido demitido da Odebrecht, segundo declarações à revista. A matéria afirma que desde 2015, não somente a Lava Jato impactou os negócios da empresa, como também fez com que Marcelo parasse de falar com o pai, Emílio Odebrecht, com quem dividia a comando da companhia.

Isso porque após deixar a prisão, Marcelo acusou seu pai, Emílio, e a própria empreiteira, que entrou com ações contra ele na Justiça. A Odebrecht pediu o bloqueio de bens e congelaento de aplicações bancárias de Marcelo, pedindo ainda o ressarcimento dos pagamentos feitos a ele após ter fechado o acordo de delação premiada na Lava Jato.

Segundo a revista, Marcelo considera ter sido usado como “bode expiatório”, tengo pagado sozinho pelos crimes da empresa. Ao cumprir a prisão domiciliar, o empresário teria usado o tempo estudando ações judiciais e estudando como rebater as acusações do pai.

“A briga com meu pai envolve me calar. Espero que a Justiça veja isso. Estou lutando. Mas vai chegar a um ponto que não sei o que vou fazer. Não aguento mais”, teria dito Marcelo a um amigo, chamando Emílio de “psicopata”.

Leia também:  Vazamento impediu Queiroz de trabalhar com Flávio Bolsonaro no Senado

Emílio Odebrecht é o único que pode desmentir as acusações de seu filho contra o ex-presidente Lula, de que a empreiteira teria sido uma das patrocinadoras da reforma do sítio de Atibaia.

Enquanto Marcelo não quer retirar as delações, que o livraram da prisão em Curitiba, após dois anos e meio, e o deixaram voltar à casa, com ainda a possibilidade de manter sua fortuna estimada em mais de 140 milhões, juntamente com sua participação acionária na Odebrecht, Emílio nega as acusações feitas pelo próprio filho.

De forma contraditória, Marcelo Odebrecht admite que a Lava Jato de Curitiba, sob o comando do então juiz Sérgio Moro, cometeu diversas arbitrariedades, tendo sido encorajado, em diversas vezes, a confirmar “teses absurdas”.

“Certa vez, um procurador de Brasília lhe pediu que contasse todos os detalhes do esquema de corrupção como se ele fosse o ‘diretor de um filme pornográfico’. Outros insistiam em confirmar ‘teses absurdas’, como a de que teria havido superfaturamento nos contratos das empreiteiras com a Petrobras, o que Marcelo jura que nunca aconteceu. Para o empreiteiro, Sergio Moro tem traços de ditador e a Lava-Jato acabou favorecendo a eleição de Jair Bolsonaro, assim como a Operação Mãos Limpas na Itália facilitou a ascensão do ex-premiê Silvio Berlusconi.”