Em entrevista exclusiva para o jornal Folha de S. Paulo, Caetano Veloso, embora considere que deveria ficar em silêncio “para não aumentar a confusão”, rebateu críticas de que teria se tornado um adepto do stalinismo, por conta de acusações enganosas que foram feitas contra o youtuber e historiador Jones Manoel. “Não vejo nenhum neostalinismo em curso”, respondeu o músico, produtor, arranjador e escritor brasileiro.

Caetano foi alvo de reações diversas na internet desde que declarou, em entrevista ao jornalista Pedro Bial, da Globo, que havia revisto sua compreensão sobre o liberalismo. Ele também citou o teórico marxista italiano Domenico Losurdo (1941-2018), que descobriu por intermédio de Jones.

Na entrevista à reportagem, concedida através de e-mails, Caetano conta que recebeu uma proposta antes de ser preso pela ditadura, em 1968, para apoiar o guerrilheiro comunista Carlos Marighella (1911-1969), mas que ainda assim prefere a visão do poeta Augusto de Campos sobre o tropicalismo e reforça que se o Brasil ficar “no acorde perfeito menor do liberalismo abastardado que vimos engolindo não faremos o que deve ser feito”.

As declarações em entrevista a Pedro Bial sobre suas reavaliações do liberalismo e a menção a Domenico Losurdo e Jones Manoel levaram a conclusões sobre o que seria uma adesão sua a uma espécie de neostalismo em voga. Pablo Ortellado escreveu que você deixou de lado as complexidades do tropicalismo e “se rendeu à irresponsabilidade narcísica, incensando o stalinismo”. Como você reage a essas considerações?

Acho que deveria ficar em silêncio para não aumentar a confusão. Não vejo nenhum neostalinismo em curso. Lina Bardi era stalinista. Me disse isso com ênfase à mesa do jantar em sua casa de vidro. Ela já aos 80. Jones Manoel nunca se disse stalinista.

 

Fonte: Brasil 247