O “ministério paralelo” do governo, acusado de munir Jair Bolsonaro com orientações negacionistas na pandemia do coronavírus, tinha o deputado Osmar Terra (MDB-RS), defensor da medida de “imunidade de rebanho”, como “padrinho”.

Após vir à tona um vídeo de uma reunião do “ministério paralelo” do dia 8 de dezembro, com a presença de Jair Bolsonaro e Osmar Terra ao seu lado liderando os trabalhos do encontro, contendo trechos explícitos do virologista Paolo Zanoto desaconselhando a vacinação em massa contra a Covid-19, militantes do MDB, partido de Osmar, exigiram na manhã desta sexta-feira (4) sua expulsão em um grupo de WhatsApp.

“Esse sujeito não será expulso do MDB mesmo? Ele é o grande mentor da ‘imunidade de rebanho’ que culminou na morte de centenas de milhares que não morreriam, caso o governo tivesse tido o mínimo de responsabilidade”, escreveu um filiado, como revelou o portal O Antagonista.

Em seguida, o grupo começou a tratar de uma possível formalização de pedido de expulsão do deputado gaúcho da legenda.

“A ignorância e o atraso trabalham noite e dia para involuntariamente destruírem a democracia”, justificou outro militante.

Depois, alguém provocou o próprio Osmar Terra, que faz parte do grupo de mensagens:

“Tu não tem vergonha não? Se a coragem de falar essas coisas [sobre a pandemia] fosse a mesma para responder aqui no grupo pelo menos…”

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Imagens obtidas pelo Metrópoles mostram o aconselhamento do chamado “ministério paralelo” sendo feito diretamente a Jair Bolsonaro (sem partido) – com trechos explícitos de ressalvas à aplicação de vacinas. Trechos de uma reunião, ocorrida em 8 de setembro, também confirmam que Arthur Weintraub intermediava os contatos entre o grupo e o Palácio do Planalto.

Entre os participantes do encontro estava a imunologista Nise Yamaguchi, o virologista Paolo Zanoto e outros médicos de diversas especialidades. Confinados em uma sala de reuniões do Planalto, nenhum dos profissionais usa máscara.

Na ocasião, Zanoto aconselha o presidente a tomar “extremo cuidado” com as vacinas contra a Covid-19. “Não tem condição de qualquer vacina estar realisticamente na fase 3”, diz. Na data do encontro, e-mails da Pfizer estavam sem resposta nos computadores do Ministério da Saúde.

Fonte: Brasil 247