Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (20), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello atribuiu ao erro de um servidor a documentação que informa que ele soube com antecedência de três dias sobre a falta de oxigênio hospitalar em Manaus.

No segundo dia de depoimento de Pazuello à CPI, ele voltou a dizer que somente foi informado sobre a iminência da falta do insumo na noite do dia 10 de janeiro. O próprio Ministério da Saúde, no entanto, formalizou que Pazuello teve conhecimento no dia 7 de janeiro.

Diante do colapso de saúde em Manaus, o ex-ministro somente foi ao Amazonas em 11 de janeiro, quando anunciou um plano de contingência.

“Eu tive conhecimento no dia 10 à noite de que o risco logístico poderia trazer problemas graves de oxigênio. Isso [informação do dia 7] foi um erro de um servidor. Ele confundiu a Secretaria de Saúde do Amazonas”, afirmou o ex-ministro.

De acordo com Pazuello, o servidor disse que “errou na análise do protocolo” e “já assumiu o erro”.

Ele reforçou ainda que a correção já foi informada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Pazuello é alvo de inquérito na Suprema Corte que apura a falta de oxigênio hospitalar em Manaus.

“Isso é o papel, escrevendo. Agora, eu estou falando pessoalmente aqui sobre esse assunto. O telefonema do secretário de Saúde para mim no dia 7, à noite, foi exclusivamente para apoio logístico de transporte de tubos de oxigênio que iam para o interior do Amazonas, saindo de Belém para Manaus”, disse Pazuello.

Senadores veem contradição

Na sessão de quarta-feira, ao declarar que somente teve conhecimento da situação em Manaus no dia 10 de janeiro, senadores apontaram que o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, havia dito à Polícia Federal que a comunicação foi feita ao ministro no dia 7 de janeiro.

Eles também reforçaram o documento do próprio Ministério da Saúde que relatava que Campêlo havia relatado a Pazuello problemas no abastecimento de oxigênio.

Senador pelo Amazonas, Eduardo Braga (MDB) reagiu à posição do ministro:

“Presidente, é preciso dizer ao povo brasileiro, sob pena de nós estarmos aqui sendo coniventes com uma informação errada, mentirosa: não faltou oxigênio no Amazonas apenas três dias. Faltou oxigênio por mais de 20 dias. É só ver o número de mortos, é só ver o desespero das pessoas tentando chegar ao oxigênio”.

O ex-ministro negou ter esses dados, e o presidente da CPI avisou que faltar com a verdade iria provocar “consequências muito grandes”.

“Nós não iremos parar enquanto não acharmos a verdade”, disse Aziz.

Fonte: G1