*Clarindo Silva

Queria parabenizar o jornal A Tarde pela feliz iniciativa de mostrar o Pelô, coração do Brasil, em situação de destaque no domingo passado, dia 20 de setembro. Uma chamada de capa e destaque em duas páginas com fotos e um apelo pela união de todos.
Já nesse domingo, dia vinte e sete, dia internacional do turismo, outra matéria espetacular com destaque, mas por falar em destaque, se me permitem, queria aproveitar a oportunidade para prestar homenagem a uma das figuras mais importantes do turismo baiano, brasileiro, e por que não dizer internacional, o Dr. Paulo Gaudenzi, o operário do turismo! Figura simples, nascido em pleno Centro Histórico, seu comprometimento com o turismo era uma verdadeira obsessão. Apesar de conhecê-lo por alguns artigos no Jornal da Bahia e ter estado algumas vezes no Pelourinho, foi exatamente no dia vinte e sete de setembro de mil novecentos e oitenta e cinco, num evento de comemoração a este dia tão importante, no nosso saudoso Othon, em Ondina, no qual a Bahiatursa e Emtursa premiavam os destaques do turismo.
Naquele ano, eu era um dos agraciados. Lembro-me com muita emoção, apesar dos trinta e cinco anos, do pronunciamento que fiz quando da homenagem à minha pessoa, que gerou matéria em todos os jornais da época, inclusive neste vespertino. A partir daí, só a sua passagem para a outra dimensão nos separou.
Quanta sabedoria, bondade simplicidade e vontade de servir, tinha aquele senhor, que ousou através de vários projetos pensar o turismo com um olhar para o futuro preservando o passado e cuidando do presente.
Mas voltando ao destaque do jornal A Tarde para o Pelourinho, volto a repetir e destacar o coração do Brasil, que leva suas artérias para além daquele lugar, como o Farol da Barra onde o visitante para e começa a contemplar a beleza e a ousadia das ondas que ficam a lamber as areias brancas… andamos um pouco e encontramos o Porto da Barra, esbanjando história com o marco da chegada de Thomé de Souza, vou ao Rio Vermelho, na Vila Caramurú e nos arredores o acarajé e o abará da grande kituteira Dinha, passo por Amaralina, vou à Itapoan, estico até o Farol, paro na praça Vinícius de Moraes, ali contemplo o Farol de Itapoan e na volta vou ao Abaeté…
Que saudades das sextas feiras da minha juventude, quando saíamos do colégio e íamos fazer lual, que variedade de orquídeas, quantas mangabas e quantos amores, quantas ilusões e desilusões.
Ao falar de turismo, fico com vontade de passear do Abaeté à Ribeira, passando pela Boa Viagem, indo à Ponta do Humaitá, passando na colina do Bonfim e pedindo as bençãos de Senhor do Bonfim para que nos salve desta pandemia.
Contudo fazendo a nossa parte.
Se puder, fique em casa. Se sair use máscara e o álcool gel, evite aglomerações.
Viva todos aqueles que lutam por um turismo saudável.

*Clarindo Silva
Escritor, poeta, jornalista e empreendedor.