*Por Clarindo Silva
Nada melhor do que num domingo de sol pegar o jornal e ver o nosso Pelourinho multicolorido na primeira página e no interior mais duas páginas que retratam um pouco da história deste lugar mágico, que costumo dizer que é o coração desta nação chamada Brasil.
Muito oportuno neste momento de pandemia em que é de suma importância a união de todos, começando pela nossa querida Sociedade Protetora dos Desvalidos, que há mais de cento e oitenta anos desenvolve um trabalho social, cultural e político, se caracterizando como primeiro INSS do Brasil, seguida do Montepio dos Artistas, outra entidade centenária.
Pra mim que estou há pouco tempo no Pelô, na esquina das portas do Carmo, num prédio onde nasceu Agrário de Menezes, foi sede da Diretoria da Faculdade de Medicina, quando do incêndio da nossa primeira faculdade, onde funcionou a primeira sede do banco do Brasil… Com toda esta história o nosso espaço, a partir de mil novecentos e setenta e um, começa a sentir a profunda degradação do Pelô. Surge a Revicentro, capitaneada por Dr. Pedro Nascimento, professor Normando, Pastoral da Mulher Marginalizada, Arquidiocese, Congregação Mariana de São Luis, Associação de Moradores, Associação de mães do Pelô e várias entidades.
Todos clamavam por um Pelô que naquele momento além da degradação física, vivia também a degradação social e o perverso estigma de que era só prostituição e marginalidade.
Tem sido muitas lutas.
O Projeto Cultural Cantina da Lua, criado em mil novecentos e oitenta e três, estimulado com o tombamento do Centro Histórico como patrimônio da humanidade, em mil novecentos e oitenta e cinco, dá folego para fortalecer a festa da benção com a participação de várias entidades, incluindo Olodum, Filhos de Gandhy.
Uma revolução no Pelô! Oitocentos shows de oitenta e três à noventa e um, vários lançamentos de livros, primeira exposição de trabalhos de detentos, a visita de quatro ministros de cultura…
Num outro momento, falarei mais de história, mas é muitíssimo importante este momento que estamos vivendo de profunda reflexão.
Quando vemos os diversos órgãos de turismo, diversas entidades, comerciantes seguindo o exemplo dos governos e municípios com a consciência de que nosso maior adversário é o COVID-19.
Avante nosso Pelô, que apesar de continuar sendo a área mais bem policiada do estado da Bahia com a DELTUR e o décimo oitavo batalhão, com policiamento vinte e quatro horas, temos um gravíssimo problema a ser enfrentado com humanidade, respeito e valorização da comunidade local.
Viva o Pelô, Pelô vivo!
*Clarindo Silva
Escritor, poeta, jornalista, empreendedor