O prefeito de Florianópolis (SC), Gean Loureiro (DEM), curtiu férias em Cancún, balneário paradisíaco no México, por mais de uma semana quando decidiu retornar, no último sábado (27), diante da notícia do colapso sanitário na capital catarinense. Naquele dia, a taxa de ocupação das UTIs por pacientes infectados com covid-19 era de 96,42%.

“Depois de um ano tão difícil para todos, senti que precisava muito parar, mesmo que por poucos dias, e lembrar que, como todos seres humanos, temos limites”, justificou-se o prefeito em nota publicada nas redes sociais.

Tirar férias durante uma emergência sanitária não é ilegal, mas pode custar caro politicamente. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por exemplo, teve que pedir desculpas depois de embarcar para Miami, nos EUA, para as festas de fim de ano em plena pandemia.

Segundo o secretário de gabinete de Gean Loureiro, Bruno Oliveira, a viagem ao Caribe foi agendada em janeiro, antes do agravamento dos números. Esse argumento foi reforçado pelo próprio prefeito, na nota em que tenta justificar os motivos da viagem.

“Como sabem, estive afastado durante os últimos dias, num descanso planejado há tempos. Imaginava que, nessa altura, estaríamos com uma situação estável na cidade, com a vacinação acontecendo e os números melhorando. As circunstâncias mostraram que eu estava errado”, afirmou Loureiro.

Porém, a situação já era grave no momento em que o prefeito embarcou rumo a Cancún. “Agora Gean Loureiro alega que era inimaginável o agravamento da situação da Covid em Santa Catarina. Ocorre que a taxa de ocupação de leitos de UTI em Florianópolis já estava em 96,23% quando o prefeito arrumou a mala e foi pra Cancún”, escreveu o vereador Afrânio Boppré (Psol), em sua conta no Twitter.

Além disso, Loureiro vem sendo criticado nas redes sociais por ter viajado logo após um acidente em uma represa da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN), que extravasou e alagou cerca de 60 casas na cidade, além de matar milhares de peixes. As famílias estão articuladas e pedem reparação dos danos.

O último final de semana foi de lockdown em Santa Catarina, e o cenário de ocupação dos leitos de UTI para pacientes de covid-19 continua grave. Nesta segunda-feira (1º), a ocupação era de 100% nos principais hospitais da cidade – Caridade, Florianópolis, Governador Celso Ramos, Infantil Joana de Gusmão, Nereu Ramos, Universitário e Maternidade Carmela Dutra.

O estado registrou mais 44 mortes e 1.792 casos confirmados do novo coronavírus no balanço do último domingo (28).

 

Fonte: Brasil de Fato