O ex-assistente-chefe do premiê britânico Boris Johnson descreveu na quarta-feira (26) uma situação surreal, quando Donald Trump ainda era o presidente dos EUA.

Segundo conta Dominic Cummings ao jornal The Guardian, Johnson rejeitou uma proposta de Trump em março de 2020, para participar de ataques aéreos no Iraque. Esses ataques, de acordo com vários grupos de direitos humanos norte-americanos, seriam ilegais aos olhos da lei internacional.

A sugestão do presidente republicano chegou em um “dia completamente surreal”, em 12 de março do ano passado, em um momento em que as preocupações com o coronavírus estavam aumentando em Downing Street (onde trabalha o premiê britânico), e que, segundo Cummings, “descarrilaram completamente” os esforços para lidar com a pandemia emergente.

“Na manhã do dia 12, de repente, os responsáveis pela segurança nacional chegaram e disseram que Trump quer que nos juntemos a uma operação de bombardeio no Oriente Médio já de noite”, citado pela mídia britânica.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, caminha até o presidente norte-americano, Donald Trump, que está conversando com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, antes de uma reunião de líderes da OTAN no hotel e resort The Grove em Watford, Hertfordshire, Reino Unido, 4 de dezembro de 2019
© AP PHOTO / FRANK AUGSTEIN O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, caminha até o presidente norte-americano, Donald Trump

Tal pedido teria sido resultado de um acontecimento do dia anterior – dois americanos e um britânico teriam morrido em um ataque de foguetes na base militar Camp Taji, no Iraque, supostamente conduzido pelo Kataib Hezbollah, suportado pelo Irã.

Trump queria retaliar rapidamente, e a decisão sobre se Londres se juntaria ou não aos bombardeios tomou a maior parte do dia, só terminando depois que Suella Braverman, procuradora-geral, persuadiu Johnson a não participar, quase certamente por motivos legais.

“Felizmente, graças a Deus, a procuradora-geral persuadiu o primeiro-ministro a não ir em frente”, disse Cummings no inquérito conjunto conduzido pelos comitês de Saúde e Ciência, citado pelo The Guardian.

O ex-assistente-chefe denotou a imensa confusão vivida no Parlamento britânico nesse dia, tendo metade dos deputados se questionado se o Reino Unido bombardearia ou não o Iraque, e a outra debatido se o país teria ou não de entrar em quarentena.

Fonte: Sputnik Brasil