O primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, acusou o presidente francês de “atacar o Islã” no domingo (25), depois de Emmanuel Macron prometer lutar contra o “separatismo islâmico” e defender a publicação de caricaturas do profeta Maomé.

“É lamentável que tenha escolhido promover a islamofobia atacando o Islã em vez de atacar terroristas, que realizam atos de violência, sejam eles muçulmanos, supremacistas brancos ou ideólogos nazistas”, afirmou Khan.

O primeiro-ministro paquistanês disse que as declarações do líder francês são “baseadas na ignorância”, observando com preocupação que as mesmas criam mais ódio, islamofobia e espaço para extremistas, em um momento em que “a última coisa que o mundo precisa é de mais polarização”. Khan enfatizou também que “o presidente Macron atacou e feriu os sentimentos de milhões de muçulmanos na Europa e em todo o mundo”.

Imran Khan enviou uma carta oficial no mesmo dia, 25 de outubro, ao presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, solicitando que todo o conteúdo islamofóbico seja removido devido à “difamação de muçulmanos nas redes sociais”, alegando que o Facebook já implementou medidas semelhantes para publicações que negam, ou distorcem, o Holocausto.

Talibã também dá sua opinião

O Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) também condenou os comentários do presidente francês, aconselhando-o estudar cuidadosamente o Islã “em vez de fazer comentários islamofóbicos ignorantes, parar de fazer comentários irresponsáveis com base em informações insuficientes de atores hostis, e parar de assumir uma posição que ameace a paz internacional e inflama a inimizade e animosidade entre as nações.”

No sábado (24), o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, atacou seu homólogo francês, insistindo que Macron “precisa de tratamento a nível mental”. Em resposta, Paris considerou as palavras de Erdogan “inaceitáveis”, chamando o seu embaixador em Ancara para consultas.

Islã francês

Já na sexta-feira (23), o presidente francês delineou medidas destinadas a conter a influência do Islã radical no país, e ajudar a desenvolver o que ele chamou de um “Islã da França”, supostamente compatível com os valores republicanos do país, conta o jornal The New York Times.

Ao comentar o assassinato do professor de História, perpetrado por um estudante muçulmano, como “ataque terrorista islâmico”, Emmanuel Macron afirmou que os terroristas não dividirão a França e que “o obscurantismo e a violência que o acompanha não vencerão”. No final, ainda sublinhou que o cidadão francês foi morto porque “era professor e ensinava liberdade de expressão”.

O assassinato do professor de História, Samuel Paty, por um estudante muçulmano, causou consternação nacional, com a mídia francesa republicando desenhos de caricaturas do profeta Maomé em homenagem ao professor falecido. Posteriormente, muitos desses meios de comunicação receberam ameaças de morte.

Fonte: Sputnik Brasil