Nesta terça-feira (29), a China reagiu às recentes declarações de responsáveis japoneses ao chamarem Taiwan de “país democrático”.

O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, disse que a caracterização de Taiwan como “país” pelo vice-ministro da Defesa japonês, Yasuhide Nakayama, era “errônea e uma violação direta”, informa The Independent.

O diplomata japonês alertou na segunda-feira (28) sobre a crescente ameaça representada pela colaboração chinesa e russa e afirmou que é necessário “acordar” para a pressão de Pequim sobre Taipé e proteger a ilha “como um país democrático”.

“Temos que proteger Taiwan como um país democrático”, afirmou Nakayama durante um encontro com o grupo de estudos do Instituto Hudson, Nova York, EUA.

O vice-ministro questionou se a decisão de muitos países, incluindo Japão e EUA, de seguir a política de Uma Só China – que reconhece a soberania de Pequim sobre Taipé desde os anos 1970 – resistirá ao teste do tempo.

O vice-ministro da Defesa do Japão, Yasuhide Nakayama, o embaixador da França no Japão, Philippe Setton, e a embaixadora da Austrália no Japão, Jan Adams, posam para fotos durante exercícios militares conjunto entre as Forças de Autodefesa do Japão, Exército Francês e Fuzileiros Navais dos EUA
© REUTERS / CHARLY TRIBALLEAU O vice-ministro da Defesa do Japão, Yasuhide Nakayama, o embaixador da França no Japão, Philippe Setton, e a embaixadora da Austrália no Japão, Jan Adams, posam para fotos durante exercícios militares conjunto entre as Forças de Autodefesa do Japão, Exército Francês e Fuzileiros Navais dos EUA

Nakayama referiu a proximidade geográfica entre o Japão e Taiwan, de modo a fazer entender que a turbulência política seria sentida na prefeitura de Okinawa que, por sua vez, tem uma grande presença militar norte-americana.

“Por isso, temos de proteger Taiwan como um país democrático […] Japão e Taiwan são bastante próximos […] Nós [Japão] não somos amigos de Taiwan, somos irmãos”, declarou o vice-ministro da Defesa do Japão, citado pela mídia britânica.

No entanto, é importante sublinhar que, em 1972, o Japão alterou sua política de reconhecimento de Taiwan como país para o reconhecimento do último como parte da jurisdição de Pequim, de modo a honrar a política de Uma Só China.

“Isto é altamente sinistro, perigoso e irresponsável. Este político também chamou abertamente Taiwan de país, em grave violação da declaração conjunta China-Japão […] Instamos o governo japonês a emitir uma clarificação e a garantir que tal não voltará a se repetir”, afirmou Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, citado pelo The Independent.

 Dois caças chineses SU-30 decolam de um local não especificado para fazer uma patrulha sobre o Mar do Sul da China.
© AP PHOTO / JIN DANHUA/XINHUA Dois caças chineses SU-30 decolam de um local não especificado para fazer uma patrulha sobre o Mar do Sul da China.

No entanto, este não foi o primeiro incidente desta natureza. Ainda no início deste mês, o gigante asiático disse ter apresentado “protestos firmes” depois que o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, fez uma referência a Taiwan como um país durante uma reunião parlamentar.

Já é sabido que Pequim considera Taiwan parte de seu território, sendo o único governo legítimo reconhecido pela política Uma Só China. Nos últimos anos, as tensões têm crescido tanto entre a China e seus vizinhos na região do mar do Sul da China como entre ela e os aliados de seus vizinhos geográficos, especialmente os EUA.

Fonte: Sputnik Brasil