A União Europeia lamentou “profundamente”, nesta quarta-feira (06/01), que a Assembleia Nacional da Venezuela tenha tomado posse na noite passada, com base em “eleições não democráticas”, e insistiu na necessidade de uma solução política para o impasse que o país atravessa.

Um dia após os membros da nova Assembleia Nacional terem sido empossados numa sessão solene, em Caracas, na sequência das eleições de 6 de dezembro, que não foram reconhecidas pela oposição, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, emitiu um comunicado no qual lamenta que as eleições tenham ocorrido apesar de não haver um “acordo nacional sobre as condições eleitorais”.

Borrell afirmou que a UE manterá o seu compromisso com todos os atores políticos e da sociedade civil que lutam para trazer de volta a democracia à Venezuela, incluindo, em particular, o líder opositor Juan Guaidó e outros representantes da Assembleia Nacional cessante eleitos em 2015, naquela que foi “a última expressão livre dos venezuelanos num processo eleitoral”, sustenta o chefe da diplomacia europeia.

Brasil, Estados Unidos e Colômbia também comunicaram que vão continuar reconhecendo a Assembleia Nacional da Venezuela que foi eleita em 2015 e que é liderada por Guaidó, reconhecido por esses países como presidente interino do país.

Assembleia pró-Maduro

A Assembleia Nacional eleita em 6 de dezembro tomou posse na noite desta terça-feira, em Caracas, tendo sido empossados 256 deputados dos partidos pró-regime do presidente Nicolás Maduro, 20 da oposição desvinculada de Guaidó e um do Partido Comunista.

Durante a sessão, o ex-ministro de Comunicação e Informação e ex-reitor do Conselho Nacional Eleitoral Jorge Rodríguez foi eleito presidente da Assembleia Nacional, com a ex-ministra Iris Varela e o deputado Didaldo Bolívar como vice-presidentes.

Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Constituinte, comandará o bloco de deputados ligados ao regime.

“A extrema direita golpista usou as chamadas organizações não governamentais para subvencionar a conspiração e o crime contra a Venezuela”, frisou Rodríguez, sublinhando que “reconciliação sim, mas sem amnésia”.

Guaidó vai manter Assembleia cessante

Também nesta terça-feira, a oposição venezuelana realizou uma sessão virtual, em que Guaidó jurou que o parlamento liderado pela oposição continuará em funções.

A sessão parlamentar opositora decorreu ao mesmo tempo em que os deputados eleitos em dezembro tomavam posse nos espaços físicos da Assembleia Nacional.

A oposição venezuelana, liderada por Guaidó, não reconhece Maduro como presidente da Venezuela e denuncia irregularidades nas eleições presidenciais antecipadas de 2018, acusando o chefe de Estado de usurpar o poder.

 

Fonte: Deutsche Welle (DW)