Uma vacina desenvolvida pela farmacêutica americana Pfizer e a empresa de biotecnologia alemã BioNTech demonstrou mais de 90% de eficácia em evitar infecções de covid-19, anunciaram as duas companhias nesta segunda-feira (09/11). Os laboratórios se tornaram os primeiros a obter sucesso em testes clínicos em larga escala.

O progresso no desenvolvimento da imunização, que está na fase 3 de testes, se baseia em dados iniciais de um estudo mais amplo, mas já é visto como uma grande vitória na luta contra a pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 1 milhão de pessoas e gerou caos na economia mundial.

No mês passado, as empresas declararam que não havia preocupações relevantes de segurança e que pediriam aprovação em caráter de emergência às agências reguladoras dos Estados Unidos ainda neste ano.

Uma vez autorizada a vacina, as doses serão inicialmente limitadas. Entretanto, ainda pairam várias dúvidas, como por exemplo, por quanto tempo as pessoas vacinadas estarão protegidas do coronavírus. A novidade, porém, aumenta as esperanças quanto ao grau de eficácia das demais vacinas que estão sendo testadas.

“Hoje é um grande dia para a ciência e para a humanidade”, comemorou o presidente e diretor executivo da Pfizer, Albert Bourla. “Atingimos esse marco crítico no desenvolvimento de nossa vacina no momento em que o mundo mais precisa, com os índices de infecção atingindo novos recordes, hospitais quase além de suas capacidades e economias lutando para reabrirem”, afirmou.

A Pfizer quer uma autorização em caráter de emergência para a vacinação de pessoas com idades entre 16 e 85 anos. Para isso, deverá reunir dados de segurança em um período de dois meses sobre metade do estudo, que tem cerca de 44 mil participantes no total, até o final de novembro.

A Pfizer informou que a análise inicial foi conduzida após 94 dos participantes no teste com a vacina terem contraído covid-19, e após o exame de quantos teriam recebido a vacina ou um placebo. A empresa não divulgou exatamente quantas dessas pessoas adoeceram, mas com mais de 90% de eficácia, pode-se calcular que oito das 94 que contraíram o coronavírus Sars-Cov-2 foram vacinadas. A vacina foi administrada em duas injeções com três semanas de intervalo.

O índice de eficácia está bem acima dos 50% exigidos pela Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA para uma vacina contra o coronavírus. Para comprovar o índice de 90%, os laboratórios continuarão a realizar testes até que haja 164 casos entre os participantes. Com o recente aumento de casos no país, esse número poderá ser atingido até dezembro.

Os dados ainda precisam ser examinados por outras fontes científicas e publicados em um jornal médico, o que deverá ser feito logo que a Pfizer tenha os resultados de todos os testes clínicos.

A Pfizer e a BioNTech possuem um contrato de 1,95 bilhão de dólares com o governo americano para produzir 100 milhões de doses da vacina, começando ainda neste ano. Também há contratos com União Europeia, Reino Unido, Canadá e Japão.

Para ganhar tempo, as empresas já começaram a produção antes mesmo de saber da eficácia do imunizante. Elas esperam agora produzir até 50 milhões de doses, o que equivale ao suficiente para imunizar 25 milhões de pessoas ainda em 2020. No ano que vem, a Pfizer espera produzir 1,3 bilhão de doses.

A corrida global por uma vacina fez com que os países mais ricos fechassem acordos bilionários com farmacêuticas como a Pfizer, AstraZeneca e Johnson & Johnson, o que gerou dúvidas sobre o acesso aos imunizantes para os países mais pobres.

O desenvolvimento de nove possíveis vacinas está sendo acompanhado pela iniciativa global Covax Facility, liderada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que planeja distribuir 2 bilhões de doses em todo o mundo até o final de 2021. A iniciativa, que reúne 168 países, incluindo o Brasil, visa garantir os investimentos globais em pesquisa, produção e distribuição equitativa dos imunizantes contra o coronavírus Sars-Cov-2.

 

Fonte: Deutsche Welle (DW)