Soube, há pouco,
que nosso Riachão se foi.
Desaguou inteiro no mar
da eternidade.
Sambando.
98 anos de bom viver.
Que Caymmi, João, Jorge,
Batatinha, Panela, Ederaldo …
o recebam em festejos
no Orum.
Um riachão de alegria.
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Tempos de coronavírus
– Não, não é de hoje
…
e brancos fedorentos chegaram pelos mares
invadindo nossas matas, nossas mentes
com suas armas e seus deuses letais
E inocularam seus males e dizimaram
aldeias e bichos e nações nativas
a bala, palavras, medo e vírus
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– dá pra rir ? :
Tá, não pode coçar o olho,
roer unhas meter dedo no nariz …
Já o saco e o fiofó …
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Confinado, o coroa:
– Quero meu vírus !
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Aos 72, não é quarentena, é setentena.
Nesse confinamento, já rompi relações comigo.
Tou de mal de mim.
(parceria com Alex Ferraz, à distância)
*
– Sonambulando
Sonhei que acordava e tudo tinha voltado ao normal.
Ruas movimentadas, bares e praias cheias, noites animadas
Música, dança, teatro, cinema, espetáculos, reencontros
E a bola quicando na tela da tevê, arquibancadas em festa.
Beijos, abraços, gestos de ternura…
A vida rebrotando.
Eu tive um sonho.
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30março2020, o ano em que um tal de coronavírus virou pelo avesso o planeta terra.
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Zédejesusbarreto, jornalista por condenação, escrevinhador por fado.