Por Fernando Brito, em seu blog:

As agressões descabidas aos manifestantes anti Bolsonaro e as cenas de confraternização de policiais com os bolsonaristas – o diálogo de um deputado do PSL e um capitão, sobre queimar uma faixa de protesto e a proteção dada senhora histérica, de taco de beisebol e bandeira norte-americana a fazer ameaças – deveria deixar de cabelo em pé os generais da ativa na cúpula das forças armadas.

As polícias estaduais estão, à toda evidência, na iminência de quebrarem todas as cadeias de comando.

Estão prontas para reprimir com violência qualquer protesto contra o governo, enquanto agem – já há semanas – ajudando a organizar e a abrir caminho para mas marchas da morte, antes exigindo a abertura do comércio e, agora, o fechamento do Supremo.

Se, nas polícias, a “bolsonarização” ocorre, em boa parte, pela via da milícia que a elas se tornou simbiótica, no Exército ela foi patrocinada pelo próprio comando, que franqueou ao ex-capitão quartéis e academias militares para que ele desfilasse ali sua estupidez e – algo que traz em sua própria carreira militar – e sua indisciplina.

Há muitos sinais de que os oficiais do comando do Exército estão pressionados por uma pinça que é formada pelo grupo de militares palacianos e governistas – e não são poucos, porque o governo está tomado por centenas deles – e uma baixa oficialidade que está ideologicamente contaminada pelo extremismo de direita.

E não apenas isso: segundo levantamento do Ministério da Defesa, feito a pedido do Estadão, mostra que militares da ativa já ocupam quase 2,9 mil cargos no Executivo.

São 1.595 integrantes do Exército, 680 da Marinha e 622 da Força Aérea Brasileira (FAB).

A atitude do Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ao acompanhar num helicóptero do Exército, a chegada de Jair Bolsonaro em sua exibição equestre e asinina na Praça dos Três Poderes não poderia ter sido mais inconveniente.

Os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, neste momento, agarram-se a frangalhos de seus comandos.

Estão sendo conduzidos, embora obrigados ao silêncio e usurpados em suas atribuições.

E vendo, sobretudo, 30 anos de desfazimento da imagem golpista das Forças Armadas, indo para o ralo com um projeto que seria, afinal, o de profissionalização dos militares.

Na ânsia de parecerem heróis, viraram vilões.