O presidente da Síria, Bashar al-Assad, de 55 anos, foi reeleito nesta quinta-feira (27/05), como esperado, para um quarto mandato de sete anos, em votação realizada nas regiões controladas pelo governo, em meio à crise econômica e à devastação causada por uma década de guerra civil.

O presidente do Parlamento, Hammoud Sabbagha, anunciou que Assad tinha sido reeleito com 95,1% dos votos. Segundo Sabbagha, participaram da votação 14,2 milhões de eleitores, de um total de 18,1 milhões, o que dá uma taxa de participação de 78,64%.

Também participaram disputaram o pleito o ex-ministro e deputado Abdallah Salloum Abdallah e um membro da oposição tolerada pelo regime, Mahmoud Marei, que registraram, respectivamente, 1,5% e 3,3% de votos. Já era amplamente esperado que Assad vencesse confortavelmente seus concorrentes.

Todo o processo eleitoral, desde a seleção dos candidatos à contagem dos votos, foi controlado pelo regime. Os Estados Unidos e vários países europeus condenaram as eleições, que consideram não serem livres e justas. A oposição síria chamou o pleito de encenação.

A ONU também evitou envolvimento com o processo eleitoral porque não faz parte do plano de paz para uma solução política na Síria que ela patrocina desde 2015.

Mais de 20 anos no poder

Instalado no cargo em 2000, sucedendo ao seu pai, Hafez, falecido após 30 anos no poder, Assad criticou na quarta-feira os Estados Unidos e os países da União Europeia, que afirmaram que eleição não havia sido livre. Para ele, a “opinião” desses países nada vale.

Esta foi a segunda eleição presidencial desde o início, em 2011, de uma guerra civil devastadora, nascida da repressão de manifestantes a favor da democracia e que envolve diversos grupos rebeldes e potências estrangeiras. O conflito já causou mais de 388 mil mortos. Com a votação, o regime tenta criar a imagem de que tem legitimidade entre a população.

Após as revoltas que eclodiram na Síria contra seu governo em 2011, Assad reformou o sistema político para permitir a formação de outros partidos e a escolha do governante nas urnas. E assim, em 2014, ele venceu as primeiras eleições com mais de um candidato.

No país com as infraestruturas em ruínas, Assad apresentou-se como o homem da reconstrução, depois de ter somado vitórias militares desde 2015, graças ao apoio dos aliados Rússia e o Irã. Ele recuperou o controle sobre dois terços do território.

As regiões autônomas curdas do nordeste ignoraram o pleito, assim como o grande bastião oposicionista de Idlib, no noroeste, que conta com cerca de 3 milhões de habitantes.

Fonte: Deutsche Welle (DW)