Por Redação – Foto Reginaldo Ipê/CMS

O vereador da capital baiana, Augusto Vasconcelos (PCdoB), cobrou nesta segunda-feira (22) uma investigação imediata sobre os ataques contra lideranças indígenas no território Caramuru, no extremo sul da Bahia.

Em declarações feitas em sua rede social, o parlamentar repudiou a ação realizada por policiais militares e ruralistas na região.

“Exigimos efetiva apuração contra esse absurdo. Não podemos normalizar as mortes indígenas”, declarou Augusto.

O atentado ocorreu no último sábado (20) durante uma tentativa de retomada do território. Os ruralistas, unidos a comerciantes locais, buscaram recuperar, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, propriedade da Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, ocupada pelo povo Pataxó Hã Hã Hãe.

No conflito, Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó e irmã do cacique Nailton Muniz Pataxó, foi assassinada. O cacique também foi baleado, e outros indígenas foram hospitalizados.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) destaca que esta é a segunda morte de lideranças Pataxó Hã hã hãe em 30 dias. No final de 2023, o Cacique Lucas Pataxó Hã hã hãe também foi assassinado, e os responsáveis ainda não foram encontrados.

“A questão de terra no Brasil está permeada pela concentração de renda, decorrente de um processo brutal de colonização que expulsou os povos originários de seus territórios. Com o tempo, a grilagem e os fortes interesses da especulação levaram a uma batalha sangrenta que já vitimou milhares de pessoas”, disse Vasconcelos.

Os Pataxó afirmam que a posse da área já foi legalmente reconhecida pela Justiça, mas o processo demarcatório ainda não foi iniciado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

“A própria Constituição Federal definiu a necessidade das demarcações e vamos seguir cobrando do Governo isso. Chega de violência no campo!” ressaltou Augusto.

Uma comitiva do MPI – Ministério dos Povos Indígenas, liderada pela ministra Sonia Guajajara, chegou nesta segunda-feira (22) à região para acompanhar o caso.