A agência britânica Reuters citou desde 2018 documentos que mostram dúvidas por parte de Camberra sobre a capacidade de Paris em cumprir o fornecimento de 12 submarinos movidos a diesel e energia elétrica.

A Austrália avisou durante anos a França que o projeto de submarinos movidos a diesel e energia elétrica de Paris sofria de problemas de atrasos, custos excessivos e adequação, relatou na quarta-feira (22) a agência britânica Reuters.

Como um dos exemplos, as autoridades australianas citaram um conselho de supervisão independente de 2018, liderado por Donald Winter, ex-secretário da Marinha dos EUA, que sugeriu que a Austrália buscasse uma alternativa ao projeto.

Além disso, o relatório do Programa de Submarinos do Futuro 2020, que representava “a maior aquisição de defesa na história da Austrália”, apontou o custo eventual do projeto de US$ 60 milhões (R$ 316,87 bilhões), com o gabinete do auditor-geral independente advertindo que os potenciais novos atrasos faziam crescer as preocupações, o que poderia “criar uma lacuna na capacidade submarina [da] Marinha”.

A Reuters citou igualmente documentos do governo francês, segundo os quais um legislador em Paris levantou em junho preocupações no parlamento do país sobre a possibilidade de a Austrália poder procurar fornecedores alternativos para os submarinos.

‘Reviravolta’ da Austrália

Na última quarta-feira (15), a Austrália, EUA e Reino Unido anunciaram um pacto de segurança, que inclui a venda de submarinos movidos a energia nuclear norte-americanos a Camberra, chamado AUKUS.

Ao mesmo tempo, a Austrália cancelou o acordo assinado com a França em 2016 de fornecimento de 12 submarinos, levando o país europeu a convocar os embaixadores nos EUA e na Austrália e a adiar uma reunião entre os ministros da Defesa britânico e francês em sinal de protesto pela ação.

Scott Morrison, primeiro-ministro australiano, apoiou o acordo AUKUS na segunda-feira (20), dizendo aos jornalistas na ONU em Nova York, EUA, que “escolhemos não [prosseguir com o acordo] porque acreditávamos que fazê-lo não seria, em última análise, do interesse da Austrália”.

Fonte: Sputnik Brasil