Por Matheus Calmon – Foto Waldyr Lantier

A diversidade na literatura e sua importância na representação da multiplicidade de experiências humanas foi tema de um bate-papo nesta quinta-feira, 16, primeiro dia da Festa Literária Internacional de Praia do Forte (Flipf).

Com mediação do curador do espaço, Anderson Shon, o tema foi abordado com os autores Lorena Ribeiro (“Passos Entre Linhas”) e Deko Lipe (“Primeira Orelha”) a uma plateia de jovens e estudantes.

Em entrevista, Deko contou que falar sobre o assunto a este público ocupa espaço de valor e emoção, principalmente ao notar a atenção e interesse da plateia. “A gente está nesse lugar em que a gente produz, escreve histórias, então a gente se sente pertencente e acaba sendo algo muito engrandecedor. Eu vou sair daqui muito melhor do que eu cheguei”, avalia.

Os jovens responderam, no início, que não gostavam de ler. Entretanto, quando apresentados a outras formas de leitura e escrita, tiveram percepções diferentes. Para Lorena, fazê-los entender que gostam, sim, de ler, abre espaço a outras experiências mais diversificadas.

“Como professora, eu percebo que se a gente já chegar com um livro imenso, um Viva o Povo Brasileiro, um Dom Casmurro, eles vão achar muito estranho, diferente do que eles estão acostumados a ler. Se você já chega com um conto de duas páginas, uma fanfic a partir de um assunto que eles gostam, é realmente uma porta de entrada para que possam conhecer outros mundos. Por isso acredito que na internet o trabalho com literatura seja incrível, porque acaba se aproximando mais desses jovens e mostrando a eles que existem outras, muitas possibilidades além do livro físico e do livro mais formal”, explicou.

Deko avalia que a diversidade na literatura gera o sentimento de pertencimento, tendo em vista que o leitor passa a se identificar com as histórias e observar que podem ser semelhantes às suas.

“Pessoas LGBTs acabam crescendo sem exemplos e sem se sentir pertencentes aos lugares porque criaram estereótipos e criaram personagens e personas que não dialogam com a realidade. Então, a literatura eu tento trazer de uma forma positiva, tanto divulgar quanto escrever, lugares em que a gente possa se ver e que a gente possa se sentir mais confortável. Eu acredito que a gente vive numa sociedade em que querem o tempo inteiro nos colocar num lugar em que nós não pertencemos e uso a literatura para que a gente tenha esse resgate da gente mesmo”, completou.