Bahia é um dos estados com maior número de casos de cardiopatia reumática em crianças e adolescentes

Todos os anos, um grande contingente de crianças e adultos passam a sofrer de graves doenças cardíacas, e tudo pode começar com uma dor de garganta não tratada que, posteriormente, acaba por desenvolver uma febre reumática, doença que afeta mais de 40 milhões de pessoas no mundo. Esse será um dos temas discutidos por especialistas durante o Fórum Doenças das válvulas cardíacas no Brasil, como proporcionar uma melhor jornada ao paciente, realizado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), no próximo dia 12 de abril.

A incidência no Brasil é de cerca de 30 mil casos de febre reumática por ano, e afeta principalmente crianças e jovens que vivem em regiões de baixa renda e dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os estados que mais possuem incidência da doença estão Bahia, Minas Gerais e Goiás, além das regiões Norte e demais estados do Nordeste.

Segundo dados do HAN – Hospital Ana Neri, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), 75% dos pacientes são provenientes do interior e o restante da periferia de Salvador, sendo prioritariamente de famílias carentes. Atualmente, o HAN atende cerca de 20 pacientes ao mês, com até 18 anos de idade, registrando cerca de três novos casos por mês. Embora a pandemia tenha provocado impactos negativos, pela dificuldade de os pacientes buscarem atendimento no ambulatório, desde 2018, percebe-se uma diminuição de casos, mas a situação ainda é preocupante.

As cardiopatias reumáticas são a consequência da febre reumática aguda, causada pela infecção de garganta pela bactéria Streptococus Beta Hemolítico. Entre os sintomas estão: falta de ar à noite, limitação para fazer atividades físicas, arritmia e, em casos extremos, fraqueza e desmaio.

Quando a doença cardíaca reumática é detectada precocemente, injeções de penicilina são usadas para prevenir novos episódios da febre reumática e, assim, evitar danos para as válvulas do coração e a progressão da doença. “Com o rastreio efetivo e o diagnóstico precoce, pode ser possível, um dia, erradicar a cardiopatia reumática no Brasil”, afirma Ariane Macedo, cardiologista da Santa Casa de São Paulo e membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Estratégias de rastreio com programas de ecocardiograma em comunidades, para crianças entre 5 e 12 anos, adotadas em alguns países como Austrália, ainda estão sendo estudadas.

 

O impacto do envelhecimento

As valvopatias também podem ser decorrentes do processo de envelhecimento, que gera o desgaste da válvula cardíaca. As mais comuns são a estenose aórtica e a insuficiência mitral. Os principais sintomas para essas doenças nos idosos são a falta de ar (dispneia) e cansaço. Nos casos de estenose aórtica, há também a dor no peito e a síncope (desmaios).

Segundo a presidente do LAL, Marlene Oliveira, é preciso ter muita atenção porque os sintomas das doenças cardíacas em idosos podem se confundir com o envelhecimento natural. “As pessoas acreditam que o cansaço e a falta de ar são indícios da idade e acabam não procurando atendimento médico. Nesses casos, é fundamental o diagnóstico precoce, para evitar o agravamento da valvopatia”, destaca.

O tema das valvopatias degenerativas também será amplamente discutido durante o Fórum, onde será lançado um inédito Documento Guia, com o mapeamento do cenário e sugestões para o Brasil melhorar a jornada do paciente que sofre de doenças das válvulas cardíacas.

“A Organização Mundial da Saúde prevê que o Brasil será a 5ª nação com maior número de idosos em 2030 e precisamos nos preparar para enfrentar o que está por vir no que se refere às doenças das válvulas”, alerta Dr. José Armando Mangione, membro do Comitê Científico do LAL e cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

 

Sobre o Evento

Fórum Doenças das válvulas cardíacas no Brasil, como proporcionar uma melhor jornada ao paciente

Quando: 12 de abril, terça-feira

Formato: Online

Horário: das 10h às 13h

Para ver a programação completa e fazer a inscrição, acesse a página do LAL

 

Sobre Instituto Lado a Lado Pela Vida (LAL)

Fundado em 2008, o Instituto LAL é a única organização social brasileira que se dedica simultaneamente às duas principais causas da mortalidade – o câncer e as doenças cardiovasculares – além do intenso trabalho relacionado à saúde do homem. Sua missão é mobilizar e engajar a sociedade e gestores da saúde, contribuindo para ampliar o acesso aos serviços, da prevenção ao tratamento, e mudar para valer o cenário da saúde no Brasil. Trabalha para que todos os brasileiros tenham informação e acesso à saúde digna e de qualidade, em todas as fases da vida. Além do Novembro Azul, o Instituto Lado a Lado pela Vida é o idealizador das campanhas Respire Agosto, Siga seu Coração, Mulher Por Inteiro e #LivreSuaPele.