O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou sanções nesta quarta (10) contra os militares que deram um golpe de Estado em Mianmar, incluindo o bloqueio de bens do governo daquele país nos Estados Unidos, que somam US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bi).

Em um breve anúncio, Biden disse que as medidas afetarão os militares envolvidos no golpe e seus parentes próximos. No entanto, a lista precisa de pessoas atingidas ainda será definida nos próximos dias.

Biden também pediu a libertação imediata dos líderes do governo anterior, presos durante a tomada de poder, incluindo Aung San Suu Kyi, que era a governante de fato do país.

Militares deram um golpe de Estado em Mianmar no dia 1º de fevereiro, sob liderança do general Min Aung Hlaing. Ele e outros comandantes, no entanto, já estão sob sanções desde 2019, por ligação com o massacre de minorias muçulmanas.

Segundo a agência Reuters, os militares de Mianmar têm ligação com dois grandes conglomerados empresariais do país, que atuam em áreas diversas, como bancos, algodão, roupas e telecomunicações.

Nesta quarta (10), ativistas foram às ruas de Mianmar pelo 5º dia seguido. Os protestos, que têm levado milhares de pessoas às ruas, seguem mesmo após o governo reforçar a repressão.

Na terça (9), a polícia de Mianmar usou canhões de água, gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os atos. Testemunhas também relataram o uso de munição letal, mas a informação não foi confirmada. Ao menos quatro pessoas ficaram feridas. A polícia disse que o uso de violência contra os manifestantes foi necessária, e que 28 agentes ficaram feridos.

“A violência contra manifestantes é inaceitável. O mundo está de olho”, avisou Biden. “Novas medidas poderão ser tomadas”, avisou Biden.

Nos atos desta quarta, não houve registros de violência, segundo a Reuters. Em alguns protestos, houve clima festivo e bem-humorado, com fisiculturistas sem camisa, mulheres com vestidos de festa, fazendeiros com tratores e algumas pessoas com seus animais de estimação.

Mianmar tem um histórico violento de repressão a protestos. Na revolta de 1988, mais de 3.000 manifestantes foram mortos pelas forças de segurança do país durante atos contra o regime militar.

A junta que agora comanda o país proibiu ajuntamentos de mais de cinco pessoas em várias regiões e estabeleceu um toque de recolher das 20h às 4h em Rangoon e Mandalay, as duas maiores cidades do país.

Ao assumirem o poder, na semana passada, os militares declararam um estado de emergência que deve durar um ano. O próprio Hlaing, entretanto, afirmou na semana passada que pode continuar no poder após esse período para coordenar a realização de um novo pleito.

As últimas eleições parlamentares em Mianmar foram realizadas em novembro de 2020. A grande vencedora foi a Liga Nacional pela Democracia (LND), partido de Suu Kyi.

A legenda, que comanda o país desde 2015, obteve 83% dos votos e conquistou 396 dos 476 assentos no Parlamento no pleito de novembro, mas foi impedida de assumir quando o golpe foi aplicado no dia da posse da nova legislatura. O Partido da União Solidária e Desenvolvimento, apoiado pelos militares, obteve apenas 33 cadeiras.

O golpe recebeu duras críticas da comunidade internacional. Líderes políticos de diversas nacionalidades pediram o restabelecimento do governo democraticamente eleito e a libertação de todos os presos civis, incluindo países da União Europeia e os governos de países como Filipinas e Nova Zelândia.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, por sua vez, não mencionou golpe militar ou presos políticos em uma nota divulgada sobre o assunto e limitou-se a dizer que tem a expectativa de “um rápido retorno do país à normalidade democrática e de preservação do Estado de Direito”.

No discurso desta quarta, Biden pediu que outros governos também tomem medidas contra o golpe. “A mensagem dos EUA é essencial, na nossa visão, para encorajar outros países a pressionarem pelo retorno imediato da democracia”, afirmou Biden.

Fonte: Brasil 247