O presidente dos EUA, Joe Biden, está sendo acusado de mentir depois que seus generais disseram terem recomendado a permanência de tropas no Afeganistão, algo que o democrata havia negado anteriormente.

Durante depoimento ao Comitê de Serviços Armados do Senado norte-americano nesta terça-feira (28), tanto o general Frank McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA (USCENTCOM, na sigla em inglês), quanto o general Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, confirmaram que recomendaram que 2.500 soldados permanecessem no Afeganistão após a data de retirada das tropas norte-americanas para evitar a desestabilização do governo afegão.

“Não compartilharei minha recomendação pessoal ao presidente [Biden], mas darei a você minha opinião honesta, e minha opinião e visão honestas moldaram minha recomendação. Recomendei que mantivéssemos 2.500 soldados no Afeganistão. Também recomendei […] [em setembro] de 2020, que mantivéssemos 4.500 naquela época. Essas são minhas opiniões pessoais”, disse McKenzie durante o seu depoimento.

McKenzie reconheceu estar presente em uma discussão com o presidente em que Biden “ouviu todas as recomendações e as ouviu com muita atenção”. Tanto McKenzie quanto Milley, todavia, recusaram-se a reconhecer qualquer contradição nas declarações públicas do presidente norte-americano.

Apoiadores do Talibã celebram a retirada completa de tropas americanas do Afeganistão, Kandahar, 1º de setembro de 2021
© AFP 2021 / JAVED TANVEER Apoiadores do Talibã celebram a retirada completa de tropas americanas do Afeganistão, Kandahar, 1º de setembro de 2021

Biden mentiu?

Em 19 de agosto, o jornalista George Stephanopoulos, da emissora ABC entrevistou o presidente dos EUA e questionou se os generais norte-americanos o aconselharam a não retirar todas as tropas do Afeganistão, o que o governo fez em 31 de agosto.

“Os principais conselheiros militares alertaram contra a retirada neste cronograma. Eles queriam que você mantivesse cerca de 2.500 soldados […]. Eles não disseram que queriam que as tropas ficassem?”, perguntou Stephanopoulos.

“Não, eles não fizeram. Foi dividido. Isso não é verdade […]. Não em termos de saber se sairíamos dentro de um período de tempo para todas as tropas. Eles não argumentaram contra isso”, respondeu Biden.

O jornalista então replicou: “Então, ninguém disse, seus conselheiros militares não disseram: ‘Devemos manter 2.500 soldados. Tem sido uma situação estável nos últimos anos. Nós podemos fazer isso. Podemos continuar a fazer isso?'”.

“Não. Que eu me lembre, ninguém disse isso”, garantiu o presidente norte-americano.

Biden foi defendido durante os depoimentos desta terça-feira (28) pelo secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, que chamou o presidente de “homem honesto e franco”. Austin também confirmou que o presidente recebeu a “opinião” de seus principais generais, mas afirmou que eles não revelariam detalhes sobre essas conversas, pois eram recomendações feitas “em sigilo”.

“A opinião deles foi recebida pelo presidente e considerada, com certeza […]. Em termos do que eles recomendaram especificamente, como acabaram de dizer, eles não vão fornecer o que recomendaram em sigilo”, afirmou o secretário de Defesa doa EUA a um senador.

Fonte: Sputnik Brasil