Jair Bolsonaro afirmou à CNN na noite desta segunda-feira (25) que a vacinação contra a pandemia do novo coronavírus será parcialmente privatizada no país, liquidando com a lógica pública do Programa Nacional de Imunização. Ele desmentiu a informação segundo a qual a vacinação seria apenas pública no país: “Desde o ano passado, nós abrimos negociação para compra de vacinas. Diferente do que estão falando por aí, o governo continua estimulando essa negociação com os empresários. Nós demos o sinal verde para eles lá atrás”. Algumas empresas já anunciaram discordar da privatização.

Com a decisão do governo, haverá a fila do programa público de vacinação e ele será furada por empresários, dirigentes e funcionários das empresas. Bolsonaro tenta tapar o sol com a peneira negando que a possibilidade de privatização de parte da vacinação não representará uma prioridade às empresas: “Não existe nada de furar fila”. A alegação dele é que “uma parte das vacinas seria doada ao governo federal. E a outra parte seria usada pela empresa que comprou”.  Bolsonaro mesmo admitiu que “o critério de uso da parte que ficaria com as empresas compete às empresas”.

Nem mesmo entre as empresas há consenso quanto à privatização da vacinação, com a institucionalização dos fura-fila. Vale, Itaú e Petrobras discordam do uso da vacina por empresas, já que a compra permitiria a imunização fora de grupos prioritários. Alguns empresários defendem a doação integral dos insumos ao SUS. A negociação continua em andamento.

Nesta semana, empresas se uniram para comprar pelo menos 11 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca. Pelo acordo, metade do lote dos imunizantes seria doada para o Sistema Único de Saúde. A outra parte seria usada pelas próprias empresas para vacinar seus funcionários.
Fonte: Brasil 247