O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, enfatizou a importância das vacinas contra a covid-19 numa reunião bilateral em Nova York nesta segunda-feira (20/09) com o presidente Jair Bolsonaro, que afirma não ter se vacinado até o momento.

Ambos se encontraram como parte de uma agenda paralela à Assembleia Geral da ONU, que será aberta nesta terça-feira na cidade americana com um discurso de Bolsonaro. É tradição na Assembleia Geral da organização que o chefe de Estado brasileiro faça o primeiro discurso.

Enquanto os jornalistas estavam saindo da sala da reunião, Johnson afirmou: “Obrigado a todo mundo, tomem as vacinas da AstraZeneca.” O premiê britânico também falou a Bolsonaro: “Já tomei as duas doses.” O brasileiro, então, apontou para si mesmo e disse: “Ainda não”, e deu uma risada.

Em um comunicado após o encontro, o gabinete de Johnson disse que o premiê destacou durante a reunião com Bolsonaro “a importância das vacinas como nossa melhor ferramenta para combater o vírus e salvar vidas em todo o mundo e enfatizou o papel importante que a vacina de Oxford-AstraZeneca desempenhou no Reino Unido, no Brasil e em outros lugares.”

AstraZeneca é imunizante mais usado no Brasil

A vacina da AstraZeneca foi desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e é comercializada e distribuída pela farmacêutica anglo-sueca sem margem de lucro. No Brasil, a empresa fechou uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, para distribuir e produzir o imunizante em território nacional, com transferência de tecnologia.

Até o momento, a vacina da AstraZeneca é a mais aplicada no Brasil, e responde por 44,2% das doses. Em seguida vem a Coronovac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac, com 33,1%. A vacina da Pfizer-Biontech responde por 20,6% das doses aplicadas, e a da Janssen, por 2,2%, segundo painel mantido pelo Ministério da Saúde.

Presidente não vacinado

Desde o início da pandemia, Bolsonaro e seus aliados mais próximos por diversas vezes já disseminaram desinformação sobre vacinas, e o presidente brasileiro é o único líder do G20, composto pelas 19 principais economias do mundo mais a União Europeia, que diz não ter se vacinado, segundo levantamento da BBC.

Num episódio recente, para justificar a decisão do governo federal de não apoiar mais a imunização para adolescentes de 12 a 17 anos, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse na última quinta-feira que a prática não seria recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar de a entidade não ter posição contrária à imunização dessa faixa etária.

A pasta também alegou que os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades não estariam claramente definidos, apesar de diversas pesquisas terem testado o imunizante da Pfizer-Biontech nessa faixa etária e atestado sua eficácia e segurança, e apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter autorizado o seu uso em adolescentes.

Fonte: Deutsche Welle (DW)