Por Alex Solnik*

Bolsonaro passou dois anos e nove meses de seu mandato ameaçando implantar uma ditadura militar.

Os sinais eram inequívocos.

Ele era saudosista da linha dura do regime militar de 64. Seu ídolo é um torturador. Loteou o governo com militares. Estimulava seus aliados a pedirem intervenção militar, a atacarem o STF e o Congresso.

Seu filho dizia que fechar o Supremo era moleza: bastava chamar um soldado e um cabo. Outro espalhava fake news contra a democracia.

Bolsonaro repetia que o Exército era dele e faria o que ele mandasse. Seus passeios de moto remetiam a Mussolini.

A farsa foi desmontada no dia 7 de setembro.

Para impedir o início imediato do processo de impeachment, recorreu à cartinha do Temer. Baixou o tom dos discursos. Não era mais o todo poderoso.

O Brasil percebeu que ele não tinha nenhuma carta na manga. O Exército não era “dele” e não ia embarcar em aventuras golpistas.

Desde então os brasileiros não têm mais medo dele.

Prova disso foi sua visita a Aparecida do Norte dia 12. Ele foi xingado e ameaçado pela população. Não por militantes de esquerda. Teve que ser protegido por um cordão policial e por maletas  à prova de balas de seus seguranças.

Ontem, ao desembarcar no posto de vacinação, em Brasília, para a segunda dose, Flávio Bolsonaro foi recebido com gritos de “bandido”, “assassino”, “ladrão” e outros epítetos.

Chegou a hora de ele e seus filhos sentirem medo de nós. Eles são quatro e nós, 200 milhões.

Fonte: Brasil 247

*Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais “Porque não deu certo”, “O Cofre do Adhemar”, “A guerra do apagão” e “O domador de sonhos”