Sepultamento em cemitério no Rio de Janeiro. País se aproxima das 20 mil mortes

País registrou quase 20 mil casos nas últimas 24 horas. Número de mortes sobe para 18.859. Em meio à alta de mortes e novas infecções, Ministério da Saúde passa a destacar recuperados.

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (20/05) apontam que o Brasil registrou 888 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, elevando o total para 18.859.

O número desta quarta-feira é mais baixo do que o registrado ontem, que chegou a 1.179 óbitos, maior número em um dia desde o início da pandemia e a primeira vez que o país superou a marca do registro de mil mortes num período de 24 horas.

Nas terças-feiras, o número de mortes costuma ser maior por incluir casos não notificados do fim de semana anterior.  Ainda assim, o número desta quarta é superior ao de terça-feira da semana passada (12/05), quando foram registradas 881 mortes.

O país ainda registrou ainda 19.951 novos casos de coronavírus nesta quarta-feira. É o maior número já registrado em um dia. A marca anterior havia sido a de terça-feira, quando foram identificados 17.408 casos.  O país vem registrando mais de 10 mil novos casos por dia desde 8 de maio. No dia 1° de maio, o país contava 91.589 casos de coronavírus.

Com isso, o total de casos oficialmente diagnosticados no país subiu para 291.579.

Os números brasileiros, no entanto, provavelmente são bem mais altos. Entre os dez países com mais casos confirmados da doença, o Brasil é o que, proporcionalmente, menos testa a população.

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, há 156.037 pacientes em acompanhamento e 116.683 pacientes recuperados (40% do total).

O crescimento acentuado de mortes nas últimas duas semanas já havia levado o país a ultrapassar a Bélgica em número de mortes e passar a ocupar a sexta posição entre os países com mais óbitos por covid-19, atrás apenas dos EUA, Reino Unido, Itália, Espanha e França.

Já o total de casos registrados nos últimos dias também levou o país passar a ocupar a terceira posição mundial em número de testes com resultados positivos, atrás apenas dos EUA e da Rússia. Anteontem, o país ultrapassou o Reino Unido.

O aumento no número de mortes e casos coincide com a ausência de um titular no Ministério da Saúde. O posto está vago desde a última sexta-feira, depois do pedido de demissão de Nelson Teich, que permaneceu apenas 27 dias no cargo. Desde então, o cargo vem sendo ocupado interinamente pelo general Eduardo Pazuello, que já ocupava a função de número dois do ministério.

Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde, sem um titular, editou uma nova norma   sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com covid-19, permitindo que os medicamentos sejam administrados também em casos leves da doença provocada pelo novo coronavírus.

A medida era uma demanda do presidente Jair Bolsonaro, que vem promovendo o tratamento como uma “cura” da covid-19, mesmo sem estudos que atestem sua eficácia. Discordâncias sobre a adoção ampla da cloroquina e diferenças sobre medidas de isolamento social provocaram tanto a saída de Teich quanto do seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta.

“Placar da Vida”

O Ministério da Saúde também alterou de maneira substancial nos últimos dias a sua comunicação sobre os efeitos da pandemia.

Na terça-feira, pela primeira vez em mais de dois meses, o boletim diário da situação epidemiológica do país (que aponta o número de mortos e novos casos) não foi publicado nas contas da pasta no Twitter e no Facebook.

A omissão ocorreu justamente no dia em que o Brasil registrou 1.179 mortes – maior número diário até agora. Nesta quarta-feira, o boletim ainda não havia sido publicado nas redes até 21h30, mais de três horas depois da divulgação da atualização no site da pasta.

As contas da pasta em redes sociais também passaram a reproduzir de maneira mais sistemática nos últimos dias publicações da Secretaria de Comunicação, que destacam praticamente somente aspectos “positivos” da pandemia, como o número de recuperados, que passaram a ser reunidos num “Placar da Vida”.

O site do Ministério da Saúde também mudou a forma de divulgação das informações sobre os efeitos da pandemia. Agora, a atualização diária no número de casos já não aparece em destaque nos boletins disponíveis no site. Até a terça-feira, o número total de casos aparecia em destaque no título de cada boletim diário. Agora, só o número de recuperados aparece. No dia 10 de maio, os títulos já haviam deixado de destacar o total de mortes nos títulos.

O tom dos textos também mudou. Antes eram repletos de linguagem técnica ou neutra. No dia 18 de maio, passaram a incluir frases como “uma boa notícia para começar a semana” como forma de destacar ainda mais o número de recuperados.

JPS/ots

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