Por Redação – Edilson Rodrigues/Agência Senado

A cabo da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Marcela da Silva Morais Pinno, que atuou na repressão aos atos golpistas de 8 de janeiro, classificou os agressores como vândalos e afirmou que eles estavam organizados, “dispostos a tudo”. Marcela ainda disse em seu depoimento prestado nesta terça-feira (12), que se o efetivo do Batalhão de Choque, com cerca de 300 policiais e que estava de sobreaviso naquela data, tivesse se empenhado o ataque teria sido evitado.

“Se o efetivo do BP Choque tivesse se empenhado teríamos evitado”, disse Marcela Pinno, em resposta ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ele quis saber da policial se, naquele dia, houvesse reforço policial os manifestantes teriam sido dispersados. De acordo com Marcela, dois batalhões, com 36 policiais, estavam de plantão no momento dos ataques.

A policial, soldado do pelotão Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) Alfa, foi promovida a cabo após ser reconhecida por seu ato de bravura. Ela chegou a ser agredida com barras de ferro, foi arrastada pelo escudo, levou socos, pedradas e chutes. Imagens do capacete balístico usado pela policial e amassado por uma barra de ferro foram exibidas durante o depoimento.

Pinno ressaltou que na linha de frente do ato não conseguiu identificar a presença de crianças e idosos, apenas de vândalos bem equipados com itens de proteção, como máscaras, luvas, paus e grades.

“No dia 8, o que nos chamou muita atenção, de fato, foi a violência que foi imposta contra os policiais. Era claro, era nítido a intenção principalmente em relação a nós, a tropa que estava ali diante deles, que era a linha de frente deles no momento em que eles estavam dispostos realmente a tudo. Inclusive de atentar contra a nossa vida, como foi feito”, disse Pinno ao detalhar que foi empurrada da rampa do Congresso Nacional, numa altura de cerca de três metros e que teve sua arma quase roubada pelos vândalos.

Para a base governista o depoimento da policial acaba com a narrativa oposicionista de que a manifestação teria sido pacífica.

“Aqui cai por terra a tese de que lá tinha idosos, crianças que num domingo saíram das suas casas, das suas cidades, para tentar, de algum modo, se manifestar pacificamente. O que a gente percebe pelo relato da cabo Marcela, que lá estava enfrentando esses vândalos, esses terroristas, é que de fato foi uma ação orquestrada contra a nossa democracia, contra o patrimônio público e que devem responder com todo o rigor que a lei prevê”, acusou o deputado Duarte Junior (PSB-MA).

Grupos treinados

A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), chegou a questionar a depoente se, para ela, os manifestantes demonstravam nesse enfrentamento algum tipo de conhecimento militar. Ela citou que no relatório de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), encaminhados à CPMI, mensagens interceptadas indicavam que havia um chamamento de manifestantes com entendimentos militares além de Colecionadores, Atiradores Desportivo e Caçadores (CACs).

“Ou seja, era um perfil de manifestantes como você jamais viu em outro momento com técnicas claras. Você percebia isso. Percebia que eles tinham uma técnica militar para avanço, para chegar em relação a vocês?”, questionou Eliziane.

No entanto, a policial disse que não poderia fazer essa afirmação, mas que era perceptível que os invasores estavam organizados.

“Havia em torno de quatro a cinco manifestantes que estavam à frente da manifestação que eles possuíam sim, luvas para ter acesso a nossos materiais, foram lançadas granadas a altas temperaturas, que se forem lançadas em mãos livres, vão [provocar] queimaduras seríssimas. Eles se utilizavam de máscaras, de toalhas, de lenços no rosto. Sim, dessa forma eles estavam organizados, sim”.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a decisão do comando de Segurança Pública do Distrito Federal em não ter deixado o Batalhão da Tropa de Choque em prontidão, enquanto todos os comunicados indicavam o teor da manifestação. O reforço, segundo relatórios apresentados pela deputada, só chegou na Esplanada após às 16h, quando os Palácios já estavam tomados.

“Só às 16h50, 1h50 depois de todas as invasões, esse segundo pelotão chega. Ou seja, nós tínhamos um Batalhão de Choque de 20, diante de 4 mil, de uma agressividade que o próprio relato, aqui diz: o grupo teria se deparado com manifestantes portando gândolas militares, máscaras de gás, mochilas e bastões, além de coquetéis molotov, pedras, paus, fogos de artifício, e estilingue”, disse Jandira.

Fonte Senado Federal