Por Yuri Abreu – Foto Reprodução/Facebook

O que era pra ser um alívio para as mães de crianças atípicas está virando uma grande preocupação em Castro Alves, cidade do Recôncavo baiano. Elas afirmam que um médico contratado pela Prefeitura para atuar como neuropediatra infantil, não possui registro, junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM), para atuar na especialidade. No entanto, ele já estaria realizando atendimentos a esse público desde o último dia 14.

Em contato com o Notícias da Bahia, algumas delas afirmaram que Fabrício Ribeiro Araújo se formou fora do país e só se registrou no CFM em abril de 2022, como clínico geral. A confirmação foi feita pela nossa equipe em uma pesquisa realizada no site da instituição utilizando o registro dele no Conselho.https://portal.cfm.org.br/busca-medicos

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Elas chamaram também a atenção a uma Resolução do colegiado, de 2016, o qual determina, no artigo 5º, que a Comissão Mista de Especialidades (CME) “somente reconhecerá especialidade médica com tempo de formação mínimo de dois anos e área de atuação com tempo de formação mínimo de um ano, sendo obrigatória carga horária anual mínima de 2.880 horas”.

Desta forma, o médico não estaria ainda apto a atuar na área em questão. Para poder dar continuidade na especialidade, ele precisaria ter se graduado como neurologista. Ademais, após a graduação, precisaria realizar a residência médica em pediatria ou em neurologia. Na sequência, aí sim é feita a especialização em neurologia infantil.

As mães também apresentaram um certificado atribuído a Fabrício Araújo da conclusão de um curso de Pós-graduação Lato Sensu em Neuropediatria, Área de Conhecimento Saúde e Bem Estar Social, promovido por um instituto de educação médica. Ele participou do curso entre dezembro de 2022 e novembro de 2023.

Contudo, em uma busca no site do instituto, em uma página de perguntas e respostas, o grupo educacional informa que o cursos de pós-graduação médica tanto dela como de outras entidades não são reconhecidas pelas Sociedades Médicas Brasileiras, devido a não obter a mesma carga horário de Residência Médica.

Além disso, explica que a conclusão do curso não significa que o médico vai se tornar especialista na área, mas sim um pós-graduado na especialidade, “parcialmente ou totalmente apto” a prestar a prova do Título de Especialista, a depender dos pré-requisitos do Edital da especialidade à qual está se candidatando.

“Estamos falando de vidas de crianças!!! Até que ponto isso vai chegar?”, questiona uma das mães ouvidas pelo NB. “Vamos dar um basta! Mais responsabilidade na saúde pública! Nosso povo merece respeito”, concluiu.

A reportagem do Notícias da Bahia procurou a assessoria de comunicação da Prefeitura de Castro Alves que se manifestou através de uma nota dizendo que chamando de ‘infundadas’ as acusações feitas contra o médico; veja nota na íntegra.

No vídeo postado em seu Instagram, o prefeito Thiancle Araújo apresenta o médico com Neuropediatria. Entretanto, consultando o site do Cremeb e do CFM com o número de registro do médico, não consta nenhuma especialidade registrada.