Santiago do Chile, 3 abr (Prensa Latina) A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) apresentará hoje um relatório sobre os efeitos econômicos e sociais da Covid-19 para a região, e os cenários e projeções para 2030 com a presente crise.
A secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, disse recentemente que as sérias dificuldades econômicas e sociais para a América Latina e o Caribe devido à pandemia propõem com mais força a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento.
Em uma coluna de opinião, a alta funcionária pública considerou que esta é a maior crise humana e de saúde que a Humanidade já encarou, com profundos envolvimentos econômicos, mas na qual o centro das decisões políticas deve ser preservar a saúde e o bem-estar das pessoas.
Alerta ao fato de que o impacto econômico para a região responde à queda na atividade dos principais sócios comerciais; à queda no preço das matérias prima; à interrupção nas cadeias globais de valor; a baixa aguda no turismo, que afeta principalmente o Caribe, e a piora das condições financeiras.
Bárcena lembra que se em dezembro a Cepal previa para a região em 2020 um crescimento pobre de 1,3%, hoje, uma aproximação conservadora propõe que registrará um crescimento negativo de -1,8%, com maiores quedas em algumas nações.
Assim mesmo, o valor das exportações regionais poderiam cair em -10,7%, o que implica um grande aumento no desemprego e na informalidade do trabalho e passar dos atuais 186 milhões de pobres a 220 milhões, e de 67,5 milhões de latino-americanos e caribenhos em pobreza extrema a 90,8 milhões.
Além disso, a região mostra sistemas de saúde fragmentados e sem cobertura universal onde mais de 47% da população não tem acesso à seguridade social.
Bárcena propõe que na atual situação é necessário um estímulo fiscal em massa para resgatar os serviços de saúde; proteger a renda e os empregos; manter a provisão de medicamentos, comida e energia; garantir o cuidado médico de todos que o necessitam, e financiar a proteção social aos setores mais vulneráveis.
A Cepal também fez um chamado ao levantamento urgente das sanções e bloqueios unilaterais, que dificultam a populações inteiras o acesso a bens e serviços, e enfatizou que ‘as considerações humanitárias estão hoje acima de qualquer diferença política. A saúde não pode ser refém de rancores geopolíticos’.
Bárcena adverte também que a crise sanitária expôs a fragilidade da globalização e do modelo em que se sustentava, e por tanto deve ser reformada.
Por isso, conclui que a pandemia ‘entranha o potencial de transformar a geopolítica da globalização, mas é também uma oportunidade para relevar os benefícios das ações multilaterais e abrir espaço ao necessário debate sobre um modelo novo, sustentável e igualitário de desenvolvimento’.