(Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

A embaixada chinesa no Brasil emitiu nota repudiando as afirmações consideradas pelos chineses “completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista.”

Em nova crise diplomática, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, afirmou nesta segunda-feira (6) que o país aguarda uma declaração oficial do governo brasileiro sobre as afirmações do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que insinuou no Twitter que o país asiático poderia se beneficiar com a crise provocada pelo coronavírus.

A embaixada chinesa no Brasil emitiu nota repudiando as declarações consideradas pelos chineses “completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista.”

“O lado chinês aguarda uma declaração oficial do lado brasileiro sobre as palavras feitas pelo min. da educação, membro do governo brasileiro. Nós somos cientes de que nossos povos estão do mesmo lado ao resistir às palavras racistas e salvaguardar nossa amizade”, escreveu o embaixador no Twitter

Abraham Weintraub apagou o texto que ridicularizava a fala dos chineses trocando o “R” pelo “L” imitando o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica.

“Geopolíticamente [sic], quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, escreveu Weintraub.

Ele ilustrou sua postagem com uma foto da capa de um gibi da Turma da Mônica, que mostra os personagens na China.

Esse foi o segundo ataque de autoridades brasileiras contra a China em menos de um mês. No dia 18 de março, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, escreveu que a culpa pelo coronavírus era da China.

“Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. […] +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas q salvaria inúmeras vidas. […] A culpa é da China e liberdade seria a solução”, publicou o deputado na ocasião.

Confira a nota da embaixada:

Em 5 de abril, o ministro da Educação do Brasil Abraham Weintraub, ignorando a posição defendida pela parte chinesa em diversas gestões, fez declarações difamatórias contra a China em redes sociais, estigmatizando a China ao associar a origem da covid-19 ao país. Deliberadamente elaboradas, tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil. O lado chinês manifesta forte indignação e repúdio a este tipo de atitude”.

“Atualmente a pandemia da covid-19 está se espalhando globalmente, trazendo um desafio que nenhum país consegue enfrentar sozinho. A maior urgência neste momento é unir todos os países numa proativa cooperação internacional para acabar com a pandemia com a maior brevidade, com vistas a salvaguardar a saúde pública mundial e o bem-estar da Humanidade. A OMS e a comunidade internacional se opõem explicitamente à associação do vírus a um certo país ou a uma certa região, combatendo a estigmatização sob qualquer pretexto. Instamos que alguns indivíduos do Brasil corrijam imediatamente os seus erros cometidos e parem com acusações infundadas contra a China”, finaliza a nota diplomática.