SPUTNIK BRASIL – Na última quinta-feira (17), Canberra havia acusado um navio do Exército de Libertação Popular (ELP) da China de apontar armas com mira laser a uma aeronave de vigilância australiana.
De acordo com informações divulgadas pelo South China Morning Post (SCMP), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China divulgou uma nota, nesta segunda-feira (21), negando as acusações do governo australiano.
O Departamento de Defesa da Austrália disse no sábado (19) que uma aeronave P-8A Poseidon australiana havia sido alvo de um navio do ELP da China na quinta-feira (17). O governo australiano divulgou fotos de dois navios chineses, um destróier da classe Luyang e uma embarcação de transporte anfíbio da classe Yuzhao.
Wang disse que a embarcação chinesa estava respeitando o acordo de tráfego em águas internacionais e que não havia mirado no avião australiano.
“Nós instamos o lado australiano a respeitar os direitos legítimos que os navios chineses desfrutam em águas relevantes de acordo com a lei internacional e parem de espalhar maliciosamente informações falsas sobre a China”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.
Canberra classificou o episódio como “um sério incidente de segurança”, dizendo ainda que este tipo de postura apresentada pelo ELP “tem o potencial de colocar vidas em risco“. Segundo a reportagem do SCMP, o ministro da Defesa da Austrália, Peter Dutton, explicou que o uso de lasers “pode resultar na cegueira da tripulação e obviamente causar danos a equipamentos”.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse que a atitude do navio chinês foi um “ato de intimidação […] imprudente e irresponsável” e que o governo australiano está lidando com o incidente de maneira diplomática e chamando a atenção para este tipo de situação.
No entanto, especialistas ouvidos pelo SCMP pedem que mais detalhes sobre o incidente sejam divulgados. O diretor de um think thank de estratégia chinês, Hu Bo, disse que o cenário poderia ser diferente do apresentado pelas autoridades australianas: “Talvez o P-8A estivesse chegando muito perto do navio chinês, mas eu não tenho certeza que a China lançou lasers em direção a ele”.
O clima entre China e Austrália é de crescente tensão desde que o governo australiano assinou o Acordo de Acesso Recíproco (RAA, na sigla em inglês) com o Japão. Em setembro de 2021, Canberra também anunciou a criação de uma aliança trilateral – AUKUS – com os EUA e o Reino Unido.
Pequim já expressou preocupação com a dita aliança, afirmando que a AUKUS “compromete seriamente a paz e a estabilidade regionais, intensificando a corrida armamentista e minando os esforços internacionais de não proliferação [de armas nucleares]”.