Por bl (ots DW)

Dados divulgados nesta sexta-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) aponta que a taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,1% no 1º trimestre de 2022, atingindo 11,949 milhões de brasileiros.

Desconsiderando a crise do desemprego no país o presidente Bolsonaro incentivou neste sábado (30/04) seus apoiadores a participarem de atos de rua pró-governo, no domingo, feriado de 1º de Maio, que serão marcados por mensagens contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a favor do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pela Corte e em seguida perdoado pelo presidente.

Bolsonaro cumpria agenda oficial na abertura da ExpoZebu, a maior feira de gado zebu do mundo, na cidade mineira de Uberaba, acompanhado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), quando fez uma referência indireta às decisões do Supremo que o desagradam e incentivou sua base a ir às ruas.

“Quero dizer a vocês que irão às ruas amanhã, não para protestar, mas para dizer que o Brasil está no caminho certo. Que o Brasil quer que todos joguem dentro das quatro linhas da Constituição. E dizer que não abrimos mão da nossa liberdade”, afirmou.

Nos últimos meses, Bolsonaro usou o termo “quatro linhas da Constituição” diversas vezes quando queria acusar ministros do Supremo de estarem atuando fora das suas atribuições. A Corte, que tem como uma de suas funções limitar a atuação do chefe do Executivo quando ele age fora da Constituição, é um alvo preferencial do presidente.

“Amanhã, não será dia de protesto. Será dia de união do nosso povo para um futuro cada vez melhor”, afirmou Bolsonaro. O evento foi transmitido ao vivo pela TV Brasil.

Na quarta-feira, Bolsonaro defendeu uma contagem paralela de votos nas eleições deste ano controlada pelas Forças Armadas, o que foi criticado por especialistas e pela Human Rights Watch. Dois dias depois, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Edson Fachin, afirmou que a Corte estava aberta para colaborações com os militares, mas “intervenção, jamais”.

Atos bolsonaristas

O feriado do 1º de Maio tradicionalmente costuma ser uma data usada por partidos e movimentos à esquerda para convocar manifestações, mas neste ano também será mote para a mobilização da base de extrema direita do presidente.

Os apoiadores de Bolsonaro preparam manifestações em diversas cidades. A principal será em São Paulo, na Avenida Paulista, a partir das 14 horas. A presença de Bolsonaro não foi confirmada. Se o presidente participar, há receio entre congressistas de uma reedição do feriado de 7 de Setembro do ano passado, quando Bolsonaro fez ameaças golpistas ao Supremo.

A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, deve participar por videochamada do ato em São Paulo, e há expectativa que Silveira participe do ato do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Em Brasília, o ato bolsonarista será em frente ao Museu Nacional. Uma das mobilizadoras é a deputada Carla Zambelli (PL-SP):

Outra bolsonarista que convocou para os atos é a deputada bolsonarista Bia Kicis (PL-DF). “Vamos apoiar o decreto de indulto do Presidente Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira. Porque agora Daniel se tornou um símbolo da luta pela liberdade”, afirmou ela em um vídeo de convocação para o evento divulgado em suas redes sociais.

Atos da oposição

À esquerda, centrais sindicais e partidos também realizam atos em diversas cidades, sendo o principal na Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo – a três quilômetros do ato bolsonarista.

A manifestação “por um Brasil sem fome e sem miséria” começa às 10 horas e terá a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e shows de Daniela Mercury e Leci Brandão, entre outros. Em Brasília, as centrais sindicais realizam um evento no estacionamento da Funarte.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que o objetivo é “reunir milhares de trabalhadores e trabalhadoras” no ato para mostrar “que a classe trabalhadora quer o Brasil com outro rumo”.