A cidade de Manaus decretou nesta terça-feira (05/01) estado de emergência por 180 dias devido à alta no número de novos casos e mortes por covid-19. O decreto, assinado pelo prefeito David Almeida (Avante), autoriza o governo municipal a fazer contratações temporárias de pessoal, serviços e materiais sem a necessidade de licitação.

Um segundo decreto suspendeu a concessão de autorização para eventos até o dia 31 de janeiro e revogou as autorizações que já haviam sido concedidas para esse período. E um terceiro determinou que os servidores públicos municipais de áreas não essenciais façam teletrabalho até o dia 31 março. Foram suspensos os atendimentos presenciais de áreas não essenciais, além de treinamentos e cursos.

Fica também proibido realizar cortes de água e esgoto até o dia 31 de março de consumidores da cidade que não tiverem pago suas contas e estejam inscritos na tarifa social. “Estamos adotando todas as medidas necessárias para contribuir de forma decisiva para a luta contra a covid-19, especialmente neste momento em que a cidade registra uma alta de casos e, infelizmente, de mortes”, afirmou Almeida em um comunicado da prefeitura.

Em entrevista à emissora CNN Brasil nesta terça-feira, Almeida reconheceu que Manaus vive um novo colapso em seu sistema de saúde e que, se o número diário de mortes seguir no patamar atual, a cidade só terá covas disponíveis para mais dois ou três meses.

Almeida disse que a prefeitura irá contratar a abertura de mais 22 mil covas com urgência. “Estamos contratando para que de forma emergencial nós possamos garantir que essas famílias possam ter seus entes queridos sepultados de forma digna”, disse. “Os próximos 10, 15 dias serão fundamentais para diminuirmos essa transmissão do vírus na nossa cidade”, afirmou.

Recorde de internações

A capital do Amazonas vem registrando recordes de novas internações, superando os números do início da pandemia. Na segunda-feira (04/01), 177 pessoas foram hospitalizadas com a covid-19 na cidade. Moradores relatam casos de hospitais lotados, com pacientes aguardando tratamento em macas nos corredores, e filas de carros de funerárias em cemitérios.

Alguns hospitais também voltaram a instalar contâiners refrigerados do lado de fora de suas instalações para receber os cadáveres de vítimas da covid-19.

Em todo o Amazonas, a taxa de ocupação na segunda-feira de leitos de UTI da rede pública destinados a pacientes com covid-19 era de 92% e, da rede privada, de 94%, segundo boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas.

Manaus foi uma das primeiras cidades brasileiras a ser atingida fortemente pela pandemia em abril e maio de 2020, quando hospitais tiveram que recusar pacientes e um cemitério da cidade foi forçado a enterrar corpos em valas comuns.

O alto número de infecções em Manaus no início da pandemia levou alguns pesquisadores a considerar que a cidade havia atingido um grau de imunidade de rebanho, ponto em que o percentual de pessoas com os anticorpos faria com que a circulação do vírus desacelerasse. No entanto, ainda não se sabe quanto tempo dura a imunidade de pessoas que foram contaminadas e há casos de reinfecção.

A cidade de 2,2 milhões de habitantes já registrou mais de 83 mil infectados e 3,4 mil mortos por covid-19 desde o início da pandemia.

 

Fonte: Deutsche Welle (DW)